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Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes nas Caldas

Obesidade e vida sedentária aumentam número de casos da diabetes do tipo 2

Marlene Sousa

EXCLUSIVO

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Caldas da Rainha recebeu pela primeira vez, na passada sexta e sábado, a Reunião Anual do Núcleo de Estudos da Diabetes (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).  Mais de 200 profissionais de saúde, maioritariamente (80%) internistas, participaram no 12º encontro sob o tema “Diabetes Mellitus…O Futuro aqui tão perto”, que decorreu no grande auditório do Centro Cultural e de Congressos. Segundo o Observatório da Diabetes, em 2015 a prevalência estimada da diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,3%. Ou seja, mais de um milhão de portugueses neste grupo etário tem diabetes. Cerca de 56% dos indivíduos já tinham a doença diagnosticada, mas para 44% o diagnóstico ainda não tinha sido feito. Entre as principais causas para o despertar da diabetes é a obesidade e a falta de exercício físico.
Sessão de Abertura

O aumento do número de casos da diabetes do tipo 2 nos vários grupos etários, nomeadamente nas idades mais avançadas, foi um dos temas debatidos no congresso, que recebeu especialistas nacionais e internacionais de renome, que falaram de novas terapêuticas, já disponíveis noutros países da Europa.

Em declarações ao JORNAL DAS CALDAS, Manuela Ricciulli, presidente da 12.ª Reunião do NEDM e coordenadora da Unidade Integrada da Diabetes (UID) do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), disse que é uma patologia cuja prevalência tem vindo a aumentar e continua a “surpreender com conceitos, descobertas e inovação”,o que exige “conhecimento em várias áreas implicando necessidade de atualização e formação contínuas”.

Referiu que o evento tem como objetivo principal “atrair os mais jovens para esta área da Medicina Interna”. De acordo com a especialista, a diabetes vai “continuar a ser um desafio para os internistas, mais ainda porque, tendo em conta que estes especialistas abordam o doente de uma forma global, estão em situação privilegiada para continuar a diagnosticar, tratar e acompanhar os doentes diabéticos”. Considera que “não há ninguém melhor do que o internista para integrar e interligar os vários órgãos e sistemas para o seu tratamento”.

Manuela Ricciulli destacou o trabalho que tem sido desenvolvido no CHOeste, nomeadamente “formação anual, para internos e novos profissionais, que tem tido resultados muito positivos”, sublinhando que “há ainda muito trabalho a fazer”.

Joana Louro, da comissão organizadora da 12ª Reunião Anual NEDM e assistente hospitalar de Medicina Interna do CHO – unidade das Caldas, fez um balanço positivo da iniciativa, revelando que o objetivo foi promover a investigação e o estudo na área da diabetes. Enquanto comissão organizadora “quisemos fazer um programa inovador, irreverente e diferente, que abordasse a diabetes numa perspetiva “out of the box” que não estivesse em artigos nem em livros”.

Segundo esta responsável, são os internistas de uma forma geral que tratam esta patologia e estes congressos são importantes para que “este tema seja discutido e analisados e visto com outra perspetiva que uma simples leitura cientifica não dá”.

Para Joana Louro a prevenção desta patologia é “fundamental” e deve ser sempre “o caminho”. No entanto, revela que “infelizmente a prevenção está a falhar a nível nacional e internacional da mesma forma como está a falhar a prevenção da obesidade, que vai já quase em paralelo”. “Neste momento o aumento da prevalência da diabetes deve-se ao envelhecimento da população e aumento da obesidade. Não podemos prevenir no envelhecimento das pessoas, mas podemos prevenir na obesidade”, apontou a especialista, acrescentando que os pilares da prevenção e também do tratamento das diabetes são a “alimentação saudável e exercício físico. O problema é que os hábitos são muto difíceis de mudar”.

“Visão holística do internista”

A sessão de abertura da 12ª Reunião Anual NEDM iniciou com um filme promocional das Caldas da Rainha. A mesadeaberturado eventocontou com a presença de várias individualidades que destacaram o fato do encontro decorrer nesta cidade.

Joana Louro leu uma mensagem do Bastonário da Ordem dos Médicos que não pôde estar presente. Miguel Guimarães defendeu o papel da Medicina Interna revelando que recentemente o ministro da Saúde concordou com a proposta que lhe apresentou do papel essencial que os médicos de família devem desempenhar no Serviço Nacional de Saúde como os gestores do doente no seu percurso ao longo da vida no SNS.

Álvaro Coelho, presidente do NEDM, sublinhou que a reunião anual do núcleo de estudos da diabetes pretende ser um “registo do contributo que este grupo de trabalho dá para a importância que a Medicina Interna tem na comunidade que integra”.

Lélita Santos, vice-presidente da SPMI, que também fez parte da mesa de abertura do encontro, disse que a Medicina Interna em Portugal é um exemplo para a Europa daquilo que é ser internista, que pratica uma medicina realmente “holística onde se dedicam a várias áreas do conhecimento e práticas médicas”. Revelou que a SPMI tem 17 núcleos, sendo o mais antigo o da diabetes, que se iniciou em 1991 e ocupa um lugar de grande destaque no panorama nacional.

Rosa Amorim, coordenadora doServiço de Medicina Interna, também destacou a comissão organizadora, que se “empenhou de forma exemplar para o êxito desta reunião conseguindo ao mesmo tempo dignificar a cidade”.

António Curado, diretor clínico do CHO, elogiou a iniciativa, uma vez que permitirá a troca de conhecimentos da vertente clínica da patologia.

O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, que fez parte da mesa da sessão de abertura agradeceu o evento na área da saúde ser nesta cidade, fora das grandes capitais, uma vez que “as Caldas da Rainha também nasceram por causa da saúde onde a Rainha D. Leonor mandou edificar o Hospital Termal”. Destacou ainda os profissionais de saúde das Caldas, que apesar das “adversidades que enfrentam tomam iniciativas que os valorizam e que permitem a troca de experiências entre colegas”.

Além de cursos pré-congresso com avaliação que decorreram a 20 de outubro, na sessão de encerramento da reunião teve lugar, mais uma vez, a entrega do Prémio Jorge Caldeira, cujos vencedores foram Miguel Aderius e Jorge Vaz, e da Bolsa Helena Saldanha, que foi entregue a João Pedro Figueiredo Gomes, do Serviço de Medicina do CHU Coimbra, com o projeto “O Microbioma na Diabetes Mellitus tipo 2: a importância transversal desde a sua génese até às complicações microvasculares”.

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