O CDS foi o principal derrotado, pois perdeu a voz que tinha na Câmara. Rui Gonçalves, atual vereador, falhou os seus intentos de chegar à presidência ou pelo menos conseguir mais um vereador, e deixou os lugares na Câmara distribuídos pelo PSD e PS.
“Ao PSD e a Tinta Ferreira os meus sinceros parabéns pela vitória clara nestas eleições. O projeto, as ideias e as propostas que apresentei, embora avalizados pela comissão política do meu partido, foram uma aposta pessoal, na forma e no conteúdo, por cuja derrota sou obviamente responsável e da qual saberei tirar as devidas conclusões”, declarou.
O mal menor acaba por ser a manutenção dos dois deputados na Assembleia Municipal e da junta de freguesia de Santa Catarina, novamente ganha por Rui Rocha, manifestamente insuficiente para o cabeça de lista do CDS, que colocara a fasquia alta.
“Temos de ser realistas. O eleitorado não concordou com as nossas propostas e avalizaram claramente o rumo que está a ser dado e com o qual nós não concordamos, mas a democracia é isto mesmo. É uma surpresa porque nós tínhamos apostado claramente em aumentar a votação e meter pelo menos dois vereadores e não estava nos nossos horizontes perder o vereador”, disse Rui Gonçalves ao JORNAL DAS CALDAS.
Antes dos resultados serem conhecidos o ambiente na sede do CDS, na Rua das Montras, era de festa, estando cheia de gente e com uma mesa bem recheada de bolos e salgados.
PS “aquém das expectativas”
Luís Patacho ambicionava ser presidente da Câmara mas o PS apenas manteve os dois vereadores que tinha. Na Assembleia Municipal os socialistas também ficaram com o mesmo número de deputados de 2013 – seis.
A novidade foi a conquista da União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto, voltando assim o PS a liderar uma junta de freguesia. Na União das Freguesias de Caldas da Rainha – Santo Onofre e Serra do Bouro, tal como há quatro anos, conseguiu o mesmo número de eleitos – cinco – que o PSD, o que obrigará os social democratas a procurarem alianças para a presidência da junta.
Na sede do PS, junto ao Parque D. Carlos I, havia muitos militantes e apoiantes à espera de resultados e enquanto isso iam petiscando algumas iguarias.
Foi depois da meia-noite que Luís Patacho fez o balanço: “Ficou aquém das nossas expectativas, não obstante termos ganho a União das Freguesias de Tornada e Salir do Porto. Também esperava ganhar mais alguma junta. Na Câmara, subimos os votos mas o PSD subiu mais do que nós, porventura pelo facto do Movimento Viver o Concelho (MVC) não ter concorrido e por os apoiantes do MVC parecerem estar ideologicamente mais próximos do PSD, e está de parabéns porque é o vencedor. Quando se está há 32 anos no poder fica extraordinariamente difícil para a oposição fazer uma remontada”.
O socialista disse que vai assumir a vereação mas não vai exigir pelouros. “De acordo com a lei isso é uma incumbência do presidente da Câmara, que é quem deve atribuir pelouros. Não tem acontecido nas Caldas, lamentavelmente, o que prejudica o próprio executivo, já que se houvesse uma distribuição de pelouros sobrecarregaria menos alguns vereadores e permitiria que houvesse mais fluência no executivo. Não sei qual vai ser a posição do dr. Tinta Ferreira. Não estou à espera, atendendo à tradição destes 32 anos mas vamos aguardar e se houver esse propósito cá estaremos para conversar”, expressou.
PSD: “A população reconheceu o trabalho feito”
A sede do PSD, na Praça 5 de Outubro, estava cheia de militantes, que iam acompanhando o preenchimento de um quadro com os resultados. Comes e bebes não faltavam e o cenário de vitória que se começou a definir encheu de confiança a sala.
Mais reservados e fechados noutra sala encontravam-se elementos da comissão política. Na altura do discurso de vitória de Tinta Ferreira não faltou champanhe.
“Quero agradecer a todos os que deram a cara e se empenharam pela nossa campanha”, começou por dizer Tinta Ferreira. Fez uma referência especial à JSD e ao diretor de campanha, Hugo Oliveira, e depois elencou os vereadores, deputados e presidentes de junta eleitos e também aqueles que não conseguiram ser, como Henrique Tereso em Tornada e Salir do Porto, Fernando Horta na Foz do Arelho e Luís Barros em Santa Catarina.
Fez notar que na União das freguesias de Caldas da Rainha – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório o número de eleitos do PSD aumentou de seis para oito, passando de maioria relativa a maioria absoluta.
Destacou igualmente a “maioria absoluta” conseguida na Assembleia Municipal, explicando que “reconquistámos em deputados eleitos a Assembleia Municipal, já não é só com o apoio dos presidentes de junta”.
“Estamos muito contentes porque essa maioria vai ser útil para nos ajudar a governar o município nos próximos quatro anos”, indicou.
Sobre os votos para a Câmara sublinhou que “a população reconheceu o trabalho feito”. “O PSD a nível nacional está numa situação bastante difícil para aquilo que era habitual. Levou grandes derrotas em muitos concelhos e nas Caldas, ao contrário da tendência nacional, subimos muito. Pedi à população que nos desse uma maioria reforçada, de votos ou mandatos, porque isso dá-nos força para envolver as pessoas na nossa política e ter mais força negocial quer com a administração central quer no contexto regional. Quero agradecer à população das Caldas que percebeu a mensagem”, declarou Tinta Ferreira.
“Apesar desta maioria reforçada vamos manter o espírito democrático, porque temos de ouvir o que as pessoas nos dizem”, frisou.
Para o reeleito presidente, “a campanha no geral foi correta e educada”. Contudo, admitiu que “não gostei do nervosismo de hoje. Houve atitudes por parte de algumas pessoas da oposição que não foram as mais corretas. Fui forçado a retirar a funcionária administrativa da secretaria que estava a ajudar as pessoas em Nossa Senhora do Pópulo e a indicar as mesas de voto. Alguns adversários acharam que ela estava a dar algum tipo de indicação de voto, uma desconfiança que não havia necessidade”.
Antes do final do discurso agradeceu à esposa e filhos, aos amigos mais próximos e ao pai, a quem deu um abraço, levando-o a comover-se.
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