O caso aconteceu em Peniche ao final da tarde da passada quarta-feira. O relacionamento conturbado entre o ex-casal terminou com a tentativa de homicídio na Avenida Monsenhor Manuel Bastos, à entrada da cidade.
Pouco depois das 18h30, João Faustino, mergulhador, esperou por Angelina Rodrigues à saída do local onde esta trabalhava, a fábrica de conservas Thai Union, à entrada da cidade, e surpreendeu-a no parque de estacionamento onde ela deixara o carro e com um martelo partiu o vidro lateral e retirou-a do interior da viatura. Sem dar tempo de reação à mulher, e ameaçando-a com uma faca com lâmina de grande dimensão, regou-a de seguida com gasolina, o mesmo que fez com ele. Depois, com um isqueiro, ateou fogo e não a largou, sofrendo ambos queimaduras graves, na ordem de 90 por cento da superfície corporal.
Seriam populares que se aperceberam desta situação de violência a atirar areia para cima dos dois, para apagar as chamas. Rapidamente chegaram os bombeiros, cujo quartel está próximo, ajudados na prestação do socorro pelas equipas da ambulância de Suporte Imediato de Vida de Peniche e da Viatura Médica de Emergência e Reanimação das Caldas da Rainha.
Ambos foram estabilizados e levados “em estado muito crítico” para um relvado à entrada da cidade onde pousaram os helicópteros do INEM que as transportaram para o hospital de São João, no Porto. O agressor foi depois para a unidade de queimados do Hospital da Prelada.
O risco de vida era iminente, uma vez que as vias aéreas foram afetadas, motivando insuficiência respiratória.
As razões que motivaram este crime, de natureza passional, iam ser averiguadas pela Polícia Judiciária de Leiria, depois da primeira abordagem por parte da PSP de Peniche.
Sabe-se apenas que residem em Peniche e têm um historial de conflito já conhecido das autoridades. Neste momento, estariam separados.
A mulher já tinha apresentado à PSP várias queixas de agressão, mas as diligências judiciais para apurar o sucedido não fizeram o homem desistir da relação, continuando a persegui-la.
Terá mesmo chegado a ameaçá-la de morte, mas nunca se pensou que chegasse a tentar concretizar essa intenção.
Com a morte de João Faustino fica concluída a investigação policial, que aguardava a sua recuperação para poder ouvi-lo, e extingue-se a responsabilidade criminal do ato tresloucado cometido sobre a ex-companheira, mas quanto ao resto, nomeadamente a parte cível, que poderá dar azo a indemnizações à vítima, caberá ao tribunal decidir.
A extinção do procedimento criminal por morte do arguido não é extensível à responsabilidade civil, porquanto não apaga a culpa do agente causador, pessoa física que só não será julgada e punida ou absolvida porque faleceu. A vítima continua entre a vida e a morte.
O caso está a chocar a população. Colegas da vítima mostravam-se incrédulas com a agressão. “Estamos em choque”, declarou Aida Esteves. “É uma situação horrorosa”, desabafou Conceição Neves.
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