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João Paulo Batalha alertou para os “dinossauros” e “fragilidades deste poder democrático manco”

Mariana Martinho

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“Hoje temos uma democracia onde a massa de cidadãos está cada vez mais alienada e menos confiança nestas estruturas de poder local, e para ganhar as eleições basta chamar às urnas este núcleo de apoiantes”. Esta foi uma das opiniões partilhadas por João Paulo Batalha na sessão “21 às 21”, organizada pela Associação MVC – Movimento Viver o Concelho, que se realizou na passada quinta-feira, na sede da União de Freguesias Nª Sra. Do Pópulo, Coto e S. Gregório, e teve como tema “Reformistas, Caciques e Dinossauros: Aventuras da Transparência e Integridade no Poder Local”.
Mariana Martinho

“Reformistas, caciques e dinossauros são figuras que nos mostram três fases da estruturação do poder local em Portugal”, afirmou o membro fundador da Transparência e Integridade, Associação Cívica (TIAC), que alertou que é altura dos “cidadãos com ruído e discordância fazer ouvir a sua voz, cabe-nos fazer o concelho e a cidade que queremos viver. Nestas eleições votem em função disso”.

Os “caciques” correspondem à herança do poder no regime da ditadura e a algum “dinamismo desordenado da estruturação do poder logo a seguir ao 25 de Abril”, em que as autarquias foram protagonizadas pelos mesmos que tinham algumas funções no poder local, mantendo-se como os ”caciques locais”. Também houve os empreendedores políticos, que “faziam oposição na clandestinidade, e que acabaram por ter um papel importante no desenvolvimento do poder local”.

Segundo João Paulo Batalha, “havia alguma noção de potencialidades e vontade de experimentar formas de governo, o que foi útil”, pois desenvolveu-se a infraestruturação de território, saneamento, resolução de problemas habitacionais e sobretudo, ”a base para construir qualidade de vida no território”.

“Um presidente de câmara põe e dispõe de poder dentro do município, o que fazia sentido nessa fase em que havia poucos quadros técnicos para assegurar as tomadas de decisões”, explicou o responsável.

A segunda fase foi “menos positiva”, em que “os empreendedores se consolidam no poder”, dando oportunidade aos negócios escuros e à corrupção, e transformando os “empreendedores políticos em dinossauros”. Além disso, geraram-se “vícios no poder local e redes de cumplicidade”.

Em Portugal, “não há meteorito que seja capaz de extinguir a espécie”. Segundo o presidente da TIAC, ”a fragilidade das instituições permitiu que tivéssemos estes dinossauros, com acesso aos empregos e apoios sociais, que “acabam por ser distribuídos muitas vezes com base em critérios de amiguismo político, o que acabou por degradar a qualidade das democracias locais”.

Nesta fase, as câmaras tornaram-se “mecanismos para a criação do monopólio dos autarcas e dos partidos”, desperdiçando a oportunidade de “construir democracia”.

“As fragilidades deste poder democrático manco, que nós criámos, verificam-se a nível local e nacional”, frisou João Paulo Batalha, acrescentando que “estes dinossauros corruptos estruturam o nosso poder autárquico e usam a câmara como um centro de negócios, onde falta dinamismo social. Isto é hoje um mal nacional”.

A falta de dinamismo político é uma “falência enorme dos partidos”, bem como a “comodidade dos partidos, em não precisarem de formar quadros, nem de falar com os eleitores, bastando trabalhar e falar com os seus clientes”, aliás, as “pessoas que gravitam em torno do partido à procura de cargos ou subsídios”.

Para o convidado, “temos hoje uma democracia onde a massa de cidadãos está cada vez mais alienada e menos confiança nestas estruturas, e para ganhar as eleições basta chamar às urnas este núcleo de apoiantes”. Além disso, os políticos fazem “teatro” junto dos bairros sociais, tornando-se “cenário de campanha eleitoral e personagens em teatro político. Isso é uma demissão da sociedade civil”.

Na última fase verifica-se uma “falência deste modelo de desenvolvimento”, onde surgiram militantes que “vieram refrescar o momento autárquico, abrindo-se uma janela para as pessoas terem uma participação e algumas delas conseguiram ser eleitas”. Esse momento deve-se à Lei de Limitação de mandatos, que segundo o convidado, tem “algumas falhas” e permitiu que “alguns desses dinossauros estejam a ressuscitar este ano”.

Aliás, relembrou que “os movimentos ou candidaturas independentes organizaram-se para se candidatarem às autarquias, porque sentem uma asfixia democrática e uma urgência em mudar isso”.

Para o responsável, “nestas eleições temos que decidir se queremos espremer até à última gota esta democracia clientelar, e ouvir as pessoas para saber quais são os problemas das populações, prioridades e potencialidades que temos de desenvolver, e planear o futuro de uma região em conjunto”.

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