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Mil emigrantes em festa na Expoeste

Francisco Gomes

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Mil emigrantes e suas famílias participaram na passada quarta-feira na comemoração para eles preparada na Festa de verão, na Expoeste, nas Caldas da Rainha, como forma de homenagear quem um dia partiu para fazer a sua vida além-fronteiras, à procura de melhores condições.
Dia do Emigrante nas Tasquinhas na Expoeste

Estiveram presentes várias gerações de emigrantes, desde os mais velhos, alguns dos quais regressaram em definitivo em Portugal depois de juntarem um “pé-de-meia” generoso, aos mais novos, entre aqueles que nasceram lá fora e os que emigraram, que não pensam em sair do estrangeiro, onde encontraram emprego.

Circunstâncias da vida obrigaram estes emigrantes a sair das Caldas da Rainha para o estrangeiro, onde muitos acabaram por formar família. Uns regressaram pelas saudades, outros permanecem lá fora para manterem uma vida estável. As gerações mais novas dizem não perder a ligação ao país.

A autarquia das Caldas da Rainha decidiu com esta confraternização homenagear os emigrantes. Segundo Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas da Rainha, “é um dos principais encontros de emigrantes que há nesta altura em Portugal. Achamos que é importante cimentar a relação com a nossa diáspora. Eles divulgam o nosso concelho, são nossos embaixadores, dão bons exemplos da nossa capacidade empreendedora e de trabalho e isso faz com que as pessoas tenham uma imagem de Portugal e de Caldas da Rainha positiva”.

“Alguns são investidores, outros dão contributo para ações de natureza humanitária, para os bombeiros ou equipamento para o hospital. No ano passado estivemos no Canadá onde foi feita uma angariação de fundos para apoio à construção de um lar no Nadadouro”, relatou.

O almoço foi servido por várias coletividades caldenses presentes nas Tasquinhas, tendo havido animação com a atuação do Duo Rodrigo e Filipa e do Rancho Folclórico do Nadadouro ‘Esperança na Juventude’. À noite a festa continuou com a cantora Rebeca.

Testemunhos:

Francelina Santos, emigrante, 67 anos

“Emigrei quando tinha 21 anos. Estive dez anos na cidade de Windsor, em Ontário, no Canadá. Trabalhei na limpeza para chegar cá e fazer uma câmara frigorífica e um pomar enorme. Ganhei lá muito bom dinheiro. Trouxe 200 mil dólares. Valeu a pena o esforço. Foi duro, mas tive de sair daqui antes do 25 de abril à procura de outra vida. Agora quem quiser trabalhar pode fazê-lo em Portugal. Não é como antigamente. No meu ver há muito trabalho. Por exemplo, não há ninguém para apanhar fruta e têm de vir pessoas de outro país, quando há aí tanta gente sentada a fazer nada”

Argentina Milhanas, emigrante, 71 anos

“Estive emigrada perto de Paris, em França. Foi uma experiência boa. Casei lá e os meus filhos nasceram lá. Eu não trabalhei para tomar conta dos meus meninos, mas o meu marido trabalhou na fábrica da Renault durante vinte anos. Ao princípio foi duro, porque deixei cá a minha família toda, mas depois habituei-me e passei a gostar de lá estar. Valeu a pena porque fomos sem nada e deu para fazer uma casinha”

José Carmo, emigrante, 81 anos

“Fui chamado pelo irmão da minha esposa, em 1963. Nos primeiros anos trabalhei na limpeza. Depois trabalhei quinze anos na construção civil. Vivo no estado de New Jersey. Tenho lá casa e os filhos, netos e bisnetos. Nunca pensei em regressar definitivamente a Portugal. Quando fui valia a pena. Agora há poucos trabalhos”.

Cidália Manual, emigrante, 42 anos

“Nasci no Canadá. Sempre gostei de ser portuguesa e falar português em casa. Sempre tive orgulho em aprender a minha língua e cultura. Sempre fui às festas portuguesas com os meus pais. Gostava de vir para Portugal mas por enquanto não posso por causa do trabalho. Ainda há melhores oportunidades de emprego do que em Portugal”

Frederico Santos, emigrante, 39 anos

“Acompanho o que se passa no país através dos canais de televisão e dos jornais. Estou a par dos jogos da bola, como benfiquista. Não nasci em Portugal mas tenho uma ligação com o país. Tenho nacionalidade francesa e portuguesa. Nunca pensei vir morar para Portugal, por causa do trabalho. Lá fora é mais fácil. Cada vez que posso venho de férias”

Sónia Venceslau, emigrante, 43 anos

“Nasci nas Caldas mas o meu pai emigrou para a Alemanha. Fui depois com a minha mãe para lá. Venho cá todos os anos, porque os meus pais voltaram para Portugal. Já pensei muitas vezes em fazer o mesmo mas a vida lá é muito fácil lá. Ganha-se mais do aqui. Combatem-se as saudades com idas a festas portuguesas, a restaurantes e fazer compras em lojas portuguesas.

Livro “Décima Sétima Freguesia”

João Carlos Costa, autor de livro sobre a emigração – “A décima sétima freguesia”, deu a conhecer a existência de uma nova edição da obra – a quarta – que terá um prefácio do atual Presidente da República (já tinha um do anterior Presidente da República, Cavaco Silva).

É um livro que fala do orgulho em ser português. “Trata-se da história muito sucinta dos emigrantes que na América são os grandes dinamizadores da Associação Regional Caldense”, indicou, fazendo notar que “a saudade faz parte das histórias do livro”.

“Quem vai a qualquer parte onde há grandes comunidades portuguesas sente que as pessoas vivem intensamente Portugal. Não exibem só a bandeira quando já jogos de futebol”, referiu.

A “décima sétima freguesia” é uma expressão da vereadora da cultura, Conceição Pereira, que desta forma pretendia dizer que a comunidade caldense nos Estados Unidos vive como se fosse uma freguesia das Caldas (antes da união de freguesias havia 16, sendo a residente no estado de New Jersey a décima sétima).

António Marques, diretor da Expoeste, afirmou na apresentação da obra que ”o total de portugueses e luso-descendentes até à terceira geração soma hoje cerca de 31,19 milhões no estrangeiro. Portugal teria atualmente mais de 40 milhões de habitantes se não fosse a emigração”.

Francisco Gomes

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