Os contributos provenientes de todo o país têm sido tantos que já foram feitos alguns pedidos aos portugueses para suspender temporariamente a doação de bens alimentares e roupa por falta de capacidade de armazenamento.
A região Oeste não tem ficado indiferente à tragédia. As pessoas das Caldas da Rainha e de Bombarral juntaram-se à onda de solidariedade nunca vista em Portugal e entregaram bens alimentares, roupa, medicamentos e até árvores e viveiros de plantas para replantar a área ardida.
Dina Conceição que trabalha na loja Lanidor nas Caldas e seu marido, Hugo Filipe juntaram-se a um grupo de pessoas do Bombarral que no passado dia 25 de junho foram pessoalmente a várias habitações nas freguesias e aldeias mais fustigadas como o caso deNodeirinho, Pobrais, Vila Facaia, e Pampilhosa da Serra onde entregaram vários bens alimentares (produtos hortícolas frescos) e roupa.
O objetivo inicial era entregar os artigos nos pontos de entrega destinados às vítimas dos incêndios, mas como viram que já tinham muitos alimentos que ainda não tinham sido distribuídos e também porque tinham produtos hortícolas que se podiam estragar decidiram ir à porta das pessoas fazer a entrega. O mentor da iniciativa foi, Helder Martins, que tem família em Pampilhosa da Serra. Solicitou ajuda e rapidamente recebeu os produtos de várias empresas do Bombarral. A entrega foi feita no café e restaurante “O Pio” em Gamelas. A roupa foi recolhida nas Caldas.
O grupo composto por 14 pessoas deslocou-se às 4h30 da madrugada em cinco carrinhas. Deixaram algumas roupas, batatas e cebolas nos estaleiros municipais de Pampilhosa da Serra e os outros produtos hortícolas foram entregar pessoalmente às pessoas.
Falaram diretamente com os populares e ninguém ficou indiferente ao cenário. “As pessoas precisavam de desabafar e ouvimos histórias arrepiantes da perda dos seus familiares que nos colocou a chorar ”,disse, Dina Conceição.
Muitas das famílias daquelas localidades tinham hortas que foram destruídas pelo fogo e ficaram felizes com os legumes frescos. “Levámos batatas, cebolas, legumes, fruta, ovos, fiambre, queijo, entre outros bens alimentares”, adiantou, Dina revelando que “houve uma senhora que agradeceu muito porque agora já tinha verduras para fazer uma sopa”. “Também houve uma vítima que tinha galinhas e coelhos que morreram com o incêndio e pediu-me ovos”, recordou.
Alguns destes elementos já se tinham deslocado ao concelho de Pedrogão Grande na altura que ainda decorriam os incêndios e levaram rissóis, pastéis de bacalhau e croquetes aos bombeiros.
Este grupo está a dinamizar outra recolha que será entregue em setembro.
Funcionários do hospital das Caldas em PedrogãoGrande
Seis funcionários do hospital das Caldas deslocaram-se no passado dia 3 de julho ao concelho de PedrogãoGrande onde entregaram ao vice-presidente e vereadores da Câmara Municipal 64 árvores bombeiras (espécies de árvores que resistem e travam incêndios) uma por cada vítima mortal, como contributo para recuperação das áreas ardidas. Segundo Carla Jorge, uma das promotoras da iniciativa a entrega das árvores também teve como objetivo o apelo simbólico, às diversas “instituições públicas e ao Governo para que tomem decisões e passem à prática, com medidas preventivas, para que este desastre nunca mais se repita, em PedrogãoGrande e em todo o país”.
O grupo caldense composto por uma assistente social, três auxiliares de ação médica, uma enfermeira e uma técnica administrativa deslocou-se a Nodeirinho, Pobrais e a Várzeas e falou com algumas das vitimas desta calamidade. “Deparamo-nos com um cenário completamente vestido de luto”, contou, Carla Jorge. Encontraram sobreviventes, que “entre lágrimas nos contaram das perdas materiais, mas principalmente das perdas dos seus familiares”.
Entre algumas destas famílias as colaboradoras do hospital distribuíram alguns produtos hortícolas, frutas e ração para animais, masessencialmentemostraram“solidariedade para com estas pessoas”.
Distribuíram ainda mais de 1700 pés de alface, couves e brócolos e cenouras para transplantar oferecidos por um viveiro em Valado dos Frades.
Segundo Carla Jorge, foi uma experiência dura triste e um dia de emoções ondemostrámosanossa “solidariedade para com estas pessoas”.
Também se deslocaram ao quartel dos Bombeiros de Castanheira de Pera para prestar homenagem ao Bombeiro Gonçalo, que perdeu a vida durante os incêndios.
Carla Jorge diz que mais pessoas querem-se juntar a esta ação solidária e que estão a pensar fazer outra entrega de produtos sobretudo de frescos e plantas.
A empresa caldense Transwhite já se deslocou cerca de três vezes ao norte do distrito de Leiria com os veículos frigoríficos carregados de água, bens alimentares medicamentos e rações para os animais.
O mentou da ação solidária foi João Carlos Costa que no seu programa na rádio 91FM solicitou aos ouvintes que ajudassem as vítimas do incêndio.
Segundo, João Carlos Costa está previsto um jantar solidário para angariar verba para os Bombeiros Voluntários de Óbidos e Caldas da Rainha.
Marlene Sousa
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