O casal Maria Batista, natural das Caldas da Rainha, e João Reis, natural de Lisboa, respectivamente engenheiros agrícola e informático, residentes no Cadaval, e o seu amigo Luís Sobreiro (viticultor), residente em Carreiros, A-dos-Francos, constituem o grupo que partiu dia 6 e chegou a Santiago de Compostela no dia 17 de maio. Há um quarto peregrino que também realizou o caminho – o jornalista Carlos Ferreira, da região de Leiria, o primeiro a cumprir o percurso sozinho, entre 14 e 22 de maio.
Os promotores da proposta de homologação do Caminho da Geira Romana e dos Arrieiros são a Associação do Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro, presidida Abón Fernández, e a Associação Codeseda Viva, dirigida por Carlos de Barreira, com a colaboração de Jorge Fernández. Está a ser feita a investigação histórica, patrimonial, do traçado e sobre outros recursos necessários à validação do caminho; um trabalho iniciado em 2009 e que demorará pelo menos dois ou três anos a ficar concluído, considerando as expetativas dos promotores.
Este traçado, que ainda sofrerá alterações, conforme o apurado nos estudos em curso, segue desde Braga por Caldelas, Terras de Bouro, Portela do Homem, Termas de Lóbios/Os Baños, Entrimo, Castro Laboreiro, Monterredondo, Cortegada, Ribadavia, Berán, Boborás, Beariz, Codeseda e Pontevea até Santiago de Compostela.
A Associação do Caminho Jacobeu Minhoto Ribeiro e a Associação Codeseda Viva deram apoio aos quatro peregrinos, a primeira em Berán e a segunda em Codeseda, onde foram recebidos pelas autoridades associativas, políticas, religiosas e ligadas ao Caminho de Santiago. A receção aos três peregrinos com ligações às Caldas da Rainha, que percorreram 290 quilómetros, enquadra-se na petição de homologação do Caminho da Geira Romana e dos Arrieiros.
Os caminheiros explicaram que, ao contrário do Caminho Central Português (que completaram no ano passado a partir do Porto), este não tem peregrinos, mas “paz” e “grande hospitalidade” dos habitantes e das associações e entidades que desejam certificar o percurso.
“O que começou por ser a tentativa de fazer um “caminho de Santiago” com mais história, aventura e menos comercial, acabou por se tornar numa experiência única que nos deu oportunidade de entrar para a história deste “caminho” sem o termos planeado”, manifestou João Reis.
“Aos homens e mulheres das várias associações que tentam há anos o seu merecido reconhecimento oficial, os nossos parabéns e agradecimentos, quer pela ajuda que nos deram disponibilizando o trabalho de investigação por eles feito ao longo de vários anos e que nos permitiu fazer este caminho o mais fiel possível àquilo que terá sido o caminho dos nossos antepassados, quer pelo apoio direto e calorosa receção que nos deram. Faltam-me as palavras para descrever as emoções, a beleza e as sensações que o “caminho” e estas gentis gentes nos proporcionaram”, expressou.
Em Béran e Codeseda foi também recebido o jornalista Carlos Ferreira, o primeiro peregrino a fazer sozinho o Caminho da Geira Romana e dos Arrieiros, ao longo de 261 quilómetros (sem contabilizar os percorridos em trilhos errados).
“É um caminho com uma paisagem muito bonita, mas é difícil de fazer porque tem troços grandes entre os locais com pensões para dormir, porque não há albergues e ainda falta marcá-lo com as setas amarelas”, disse Carlos Ferreira, à chegada a Codeseda, 220 quilómetros após o início da jornada.
“Esta é uma boa alternativa aos caminhos que já estão muito massificados. Pode ser importante também do ponto de vista cultural e do património, e seria interessante criar pequenos negócios porque contribuiriam para que tivesse mais alguma vida”, adiantou.
O objetivo do peregrino, que já percorreu seis caminhos de Santiago, era “conhecer um caminho mais original, mais natural, sem muita gente”. No final, confirmou as suas expetativas: “Além do mais, nas etapas finais, em Berán, Codeseda, Souto de Vea e Pontevea, tive oportunidade de experimentar as termas, hotéis rurais espetaculares e a boa gastronomia local. É que peregrinar é alimentar o espírito, mas o corpo também não perdoa e se o descuramos não cumprimos o objetivo”, concluiu, a brincar, o jornalista.
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