LFB estava a tirar o curso de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa quando ainda no primeiro ano de curso da faculdade tirou um workshop de escrita e no segundo ano do curso participou e ganhou o concurso de rádio “Cómicos de Garagem” da Antena 3. Esta sequência de acontecimentos permitiu-lhe que a comédia entrasse e ficasse na sua vida, com constantes oportunidades de trabalho. Posto isto nunca mais parou nesta que é a carreira na qual apostou tudo por ser o que na verdade sempre quis fazer. Estivemos à conversa com o artista e quisemos saber mais sobre esta passagem de “Roubo de Identidade” para “A Voz da Razão” e quais os seus novos projetos.
Sobre LFB sabemos que continua a treinar as suas piadas no duche. Os seus amigos e as pessoas com quem convive são as suas cobaias constantes mesmo às vezes sem sequer fazerem ideia de que o estão a ser. Defende que “a pessoa que o comediante é influencia sempre o material que produz, mesmo que a piada não seja o mesmo que uma opinião ou que uma declaração literal” e assume que a base da sua vida e da sua carreira será sempre stand-up, portanto sempre que terminar um espetáculo o plano será começar um novo. A prova disso é esta tour que estreou em fevereiro do ano passado e que tem percorrido o país de norte a sul.
Atualmente “A Voz da Razão” assume-se como um espetáculo bastante influenciado pela pessoa que é, fase da vida em que está, pelas experiências pelas quais passou e pela visão que adquiriu das coisas. São estas as influências do humorista que garante estar agora numa fase um pouco mais madura da sua vida e por isso mesmo “A Voz da Razão” é um espetáculo mais experiente que o anterior.
Acaba por ser, e principalmente nos primeiros minutos, uma espécie de uma caricatura daquelas pessoas “mais velhotas e mais rezingonas” que acham que tudo está mal e que têm de alvitrar sobre tudo – mesmo sem que tal lhes tenha sido pedido. É esta a sentença ironizada pelo artista de 28 anos que confessa não ter “uma idade assim tão madura e tão avançada quanto isso” mas que já lhe permitiu ganhar um olhar um pouco mais crítico e uma capacidade mais profunda de ter opinião sobre os assuntos, o que conseguimos verificar no caso da política, um dos assuntos mais abordados neste espetáculo e que anteriormente não o era.
Questionado sobre o humor que faz defende que hoje em dia é mais corrosivo do que era, sem ser necessariamente condenado por isso. O segredo para tal funcionar parece estar no raciocínio lógico e a piada estar bem trabalhada – só assim consegue atingir aquela finalidade que para si é fundamental: ter graça e que as pessoas gostem.
Denota uma expansão no stand-up and comedy em Portugal e no humor nacional – visível com eventos de comédia constantes e em simultâneo em vários palcos por todo o país – com humoristas a esgotarem salas – o que para ele significa que as pessoas gostam e querem ver. Salienta ainda que os diretores de programação dos teatros e as pessoas responsáveis pelas salas estão a começar a perceber o potencial do humor e a abrir as portas a este tipo de espetáculo com mais facilidade – as salas enchem e esse é o melhor indicador que se pode ter.
Com “uma voz” forte, ativa e reativa, LFB é a prova de como alguém que imita vozes não perde a voz própria, realidade bem visível nas redes sociais. Este é um dos aspetos que reflete o que têm sido os últimos cinco anos da carreira do artista, que conseguiu descolar-se do rótulo de imitador e assumir o rótulo de humorista. Se primeiramente as pessoas reparavam naquilo que era mais evidente – a forma como sabia fazer vozes – com o passar do tempo conseguiu provar que existe mais do que isso. “As vozes são uma das ferramentas que eu uso para fazer rir mas a minha ferramenta principal é a minha criatividade e é o meu sentido de humor”, afirma.
A verdade é que este complemento lhe atribui um “trabalho de casa” redobrado: ter que criar a piada e ainda ter de atingir a voz pretendida. “Se a coisa for bem feita, tens o dobro da recompensa”, garante.
Esta dupla função é complementada com um técnico de som que o acompanha em todas as datas e que conhece o seu trabalho, a sua voz bem como o espetáculo em si, sabendo exatamente as necessidades de LFB – que usa a voz em vários registos diferentes. Este é um aspeto importante, sendo o tipo de detalhes que acaba por fazer a diferença.
Questionado sobre as vozes mais complicadas e mais acessíveis de imitar, confessa que a voz do ex-primeiro ministro Pedro Passos Coelho foi aquela que teve de fazer inúmeras vezes por obrigação contextual e com a qual nunca ficou 100% satisfeito. Já a imitação de Bruno Nogueira foi a que deu um pouco de trabalho a aperfeiçoar por ter muitos detalhes diferentes mas que depois acabou por resultar. Refere ainda que teve uma ou outra que foi mais imediata como por exemplo a de Bruno Carvalho e a de Alberto João Jardim.
LFB esforça-se por perceber que características o público tem para que o tema funcione na sua generalidade. Sobre novos projetos, confirma que há. Embora não possa falar muito sobre isso, acabou por confessar que após o termino deste espetáculo vai de imediato começar a trabalhar em material novo enquanto mantém a rubrica “Só Que Não” na rádio Mega Hits. Para o futuro mais próximo está a preparar outro projeto independente para o Youtube – o qual já arrancou com as gravações.
O espetáculo de dia 25 março contou ainda com a presença do jovem Pedro Teixeira da Mota, que animou o público durante sensivelmente meia hora. Abordou temas como o relacionamento dos tempos modernos, idas a discotecas e algumas comparações entre a vida de solteiro e de comprometido. Posto isto, entrou em palco LFB com temas futebolísticos, questões da evolução dos tempos na área musical e rádio. Ouviram-se as imitações de Jorge Jesus, Bruno Carvalho, Rui Patrício, Cristiano Ronaldo e o seu filho. Da política, surgiram vozes como as de Cavaco Silva, Francisco Louçã e de Marcelo Rebelo de Sousa. De personagens do quotidiano surgiram ainda imitações como a de Salvador Martinha.
LFB está mais atual, com muitos momentos de interação com o público.
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