Licenciado em Filosofia, o poeta e músico conta com um vasto currículo de obras públicas na área da poesia, tais como a “Antologia do esquecimento”, “Dança das Feridas”, “Call Center”, “Suicidas”, “Estação 2012”, “Rogil”, ”Estranhas criaturas”, “O meu cinzeiro azul”, “Estórias domésticas & outros problemas”, entre outras, tendo lançado mais uma obra que retratanum poema, dividido em vintes estâncias, “a vida de um sujeito poético que observa a paisagem melancólica de uma obra embargada e que ao mesmo tempo se vai enfiando nos lençóis, desligando-se de tudo e que não está mais para aturar o mundo exterior”. Ou seja, é uma obra que faz reflexões “entre o sonho e imaginação, a realidade e loucura, o estado do mundo e sobre a sua existência individual”.
Este livro surgiu depois do autor ter assistido às peças teatrais de Samuel Beckett, encenadas pelo Teatro da Rainha e pelas releituras das obras do mesmo autor.
“Motivado e estimulado pelas peças teatrais, um autor desconhecido, releu os livros e começou a escrever, originando A Grua”, explicou Henrique Fialho. Também destacou que a obra surgiu depois de ter recebido um contato do editor da Volta d’Mar, que já tinha publicado o seu livro “Rogil”, que queria publicar “mais alguma coisa da minha autoria, senão ficaria na gaveta como tantos outros”.
Segundo o autor, “A Grua”, que existe na realidade e que vê todos os dias da janela da sua casa, “é um texto voltado para o exterior”. Fala sobretudo de um processo de identificação do individuo que está fechado em casa, que está “cansado e saturado”.
Maria João Fernandes salientou que “A Grua” é “uma imagem central, presente em toda a obra”. Para a artista plástica, “estamos perante um cuidadoso do verso livre, inserido num poema com uma forte carga energética e um caráter dramático, que acaba por marcar todo desenvolvimento da história”.
O livro possui um sujeito poético, que segundo artista plástica, “observa esta paisagem melancólica e pensa no passado construível e útil da máquina silenciada devido à falência dos construtores”. Retrata também logo no início uma situação dramática, o caso de um enforcamento, que atribui uma nova situação à grua e onde “somos confrontados com a reação da população, que fotografa o homem enforcado na grua”.
Para Maria João Fernandes, esta situação dramática fez-me recordar o movimento que surgiu nas redes sociais, “Je suis Charlie”. Posteriormente a essa situação dramática surge um novo elemento, que “resgata um pouco a vida nesta grua na obra embargada”, uma cegonha.
O novo elemento leva o sujeito poético a imaginar o que a cegonha vê debaixo, transportando-o para o universo onírico. Isso, segundo a artista, “provoca um diálogo interno do sujeito diariamente com a paisagem quotidiana que observa do seu quarto”.
De acordo com Maria João Fernandes, a “obra leva a reflexões entre o sonho e imaginação, a realidade e loucura, o estado do mundo e sobre a sua existência individual”. Aliás, o sujeito poético acaba por refletir sobre a “geometria inserida no caos do mundo e nas falências dos teoremas”.
Presente também esteve o editor da Volta d’Mar, que referiu que “a poesia do Henrique Fialho é muito querida e isso fez-nos apostar novamente num livro seu”.
Após apresentação da obra, o autor e Fernando Mora Ramos leram para o público alguns poemas de “A Grua”.
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