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Os juros do nosso descontentamento

Marco Libório

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Tendo em conta que este é o primeiro artigo do novo ano, não quero deixar de desejar um extraordinário 2017 a todos os que leem os meus artigos.

Bem-hajam e muito obrigado por me acompanharem nesta caminhada. É por e para vocês que escrevo!

Votos e agradecimentos feitos, avancemos para o artigo propriamente dito. Hoje vou falar de juros, a propósito dos recentes dados sobre a subida dos juros da dívida portuguesa. Neste aspeto, 2017 não começou da melhor forma…

Antes de ir à atualidade, comecemos por fazer um breve enquadramento histórico dos “juros” (é minha convicção que, para percebermos o presente e antevermos o futuro, é fundamental conhecermos o passado).

O conceito de “juro” é bastante antigo. Cedo o Homem aprendeu a relacionar tempo com dinheiro. A ideia de juro surge assim a partir do conceito de valor temporal do dinheiro. Segundo os historiadores, terá sido na Babilónia, por volta de 2000 a.C., que aparecem os primeiros indícios de utilização de “juros”. Nessa época, o pagamento dos juros é efetuado com bens agrícolas, nomeadamente sementes. Mais tarde, por volta de 575 a.C., existiria já uma corporação de banqueiros internacionais na Babilónia, que financiavam o comércio internacional e cobravam juros altos pelos empréstimos que efetuavam. A mercantilização da sociedade nos séculos que se seguiram (sendo o conceito de “juro” um dos seus expoentes), com a ascensão do comércio e depois da indústria, intensificou a “economia financeira”. O princípio era relativamente simples: os excedentes de uns seriam usados para suprir as necessidades de financiamento de outros, a troco de um determinado juro. A taxa de juro seria calculada em função do tempo de utilização do dinheiro, e também do risco expetável inerente à operação.

Nos tempos de hoje, o juro é já um conceito perfeitamente assimilado na nossa sociedade, funcionando como um instrumento central na economia mundial, inclusive na relação entre os países.

No caso português, tendo em conta a dimensão da nossa dívida externa, o valor dos juros tem uma importância especial. E conforme afirmei atrás, não começámos bem o 2017. Constata-se neste momento um receio generalizado que o BCE retire os estímulos à economia, o que fez subir os juros da dívida dos países da Zona Euro. A “yeld” das obrigações portuguesas a dez anos atingiu recentemente o valor mais alto dos últimos onze meses, ultrapassando os 4%. Para que se perceba melhor este valor, recorde-se que Espanha tem uma taxa de 1,53%, e Itália paga juros a 1,98%, para os mesmos dez anos.

Recentemente, o Eurostat revelou que a inflação da Zona Euro ultrapassou, pela primeira vez desde setembro de 2013, a barreira de 1%, cifrando-se em 1,1% em dezembro. Existem pressões, nomeadamente na Alemanha, para que o BCE aumente o preço do dinheiro, de modo a travar a inflação (é bem conhecido o receio dos alemães face à inflação).

Este cenário conduziu inclusivamente a um ajuste na estratégia de financiamento do IGCP para 2017. Fundamentalmente, aumenta a “almofada financeira”, e simultaneamente diminui o recurso ao mercado, através da menor emissão de dívida (o Estado tinha apontado emitir 16 mil milhões de euros em obrigações, tendo agora previsto diminuir esse montante em mil milhões). Esta estratégia mais conservadora é bem vista pelos analistas, pois é considerada mais flexível face a cenários conturbados nos mercados.

Nunca é de mais recordar que Portugal está muito endividado. E as perspetivas não são animadoras. Para 2017 está previsto um aumento de 3,9% na nossa dívida pública (mais 9,2 mil milhões de euros de dívida direta total do Estado, passando de 238,7 mil milhões de euros em 2016 para 247,9 mil milhões de euros em 2017). Paralelamente, os encargos com juros irão subir 3,5%.

Para se ter uma ideia da verdadeira dimensão dos juros que pagamos, forneço-lhe dois números: 8.169 e 8.007. O primeiro número representa a média anual dos encargos com juros, em milhões de euros, no triénio 2015-2017 (dados previsionais para o ano corrente). Quanto ao segundo número, nesse mesmo período, o Estado gasta uma média anual de 8.007 milhões de euros com o Serviço Nacional de Saúde. Faz-nos pensar…

Marco Libório

CEO da UWU Solutions / Consultor / Docente

mliborio@gmail.com

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