“A democracia não está completa apenas com as formalidades eleitorais: é essencial que tenha uma Justiça a funcionar e que seja efetiva a participação dos cidadãos no escrutínio e controlo permanentes da política, pois quando as pessoas se alheiam acabam sempre por pagar a fatura”, aponta Paulo de Morais, exemplificando com os conhecidos e sucessivos casos que afetaram os bancos nos anos recentes, com as célebres parcerias público-privadas (PPP) ou os custos dos incêndios que todos os anos se multiplicam durante o verão.
Por isso, a estratégia da Frente Cívica, que realizou há cerca de uma semana o seu 4º encontro nacional, em Faro, depois de ter ido a Coimbra, Porto e Lisboa, passa por “promover uma rede de pensamento e reflexão coletivos e permanentes, que nos permita passar à ação e, pelo menos nalgumas áreas da vida nacional, conseguirmos fazer um Portugal melhor”.
Para isso, “precisamos de identificar bem os problemas estruturais da sociedade portuguesa, os seus responsáveis e os culpados; precisamos de definir rigorosamente o que há a fazer, juntar conhecimento que nos possibilite apresentar soluções, produzir um documento e lutar pela sua aplicação”, diz Paulo de Morais, apontando que “a Frente Cívica é constituída por cidadãos que vão defender um conjunto de causas e, em cada uma delas, vai lutar até ao fim pela sua solução”.
Além disso, o ex-candidato à Presidência da República sublinha que “esta não é a Frente pessoal de ninguém e em cada assunto haverá protagonistas distintos, com conhecimento especializado, por forma a, dentro de um ano, podermos dizer que temos solução para o problema A ou B e que vamos lutar pela sua implementação. Ou seja, que estamos já a construir uma democracia melhor”.
A plataforma de participação cívica que nasceu formalmente na terça-feira propõe-se, assim, identificar os problemas crónicos da sociedade portuguesa, denunciar os seus responsáveis e lutar empenhadamente na solução desses problemas, “a maioria dos quais nem sequer é falada, seja na política ou nos media, devido a uma rede de cumplicidades que torna as pessoas reféns do medo e, portanto, sem dignidade”, sustenta ainda Paulo de Morais, concluindo que a Frente Cívica está decidida a “ajudar-nos a cumprir a obrigação que temos de deixar para os mais novos um País melhor do que o que recebemos dos nossos pais”.
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