Temos uma estrutura de comando no combate a fogos muito complexa, onde a comunicação interna é difícil, com muitas entidades à mistura, cada uma tentando colocar-se em “bicos de pés” para se mostrar. É tipicamente português!
Espanha, Itália, Grécia têm os aviões mais populares e mais credíveis no combate a fogos: os “Canadair”. Portugal não tem, mas tem outros meios, pagos a peso de ouro.
Neste caso nem era preciso pensar muito. Uma simples visita de trabalho a Espanha, copiar o seu sistema, era a cereja no topo do bolo. Os espanhóis têm uma base de “Canadair” nas suas ilhas, e outras no seu continente. Portugal não tem “Canadair, nem os tem na Madeira.
Os espanhóis têm os seus meios operados pela Força Aérea Espanhola. Portugal criou uma Força Aérea à parte (a Empresa de Meios Aéreos) gastando muitos milhões de euros ao longo dos anos com decisões “à la minute”.
Alguém ganha muito dinheiro com isso, é fácil de investigar e descobrir…
A solução é óbvia: comprar meios aéreos adequados, entregá-los à Força Aérea Portuguesa, mesmo que esta tenha de recorrer a pilotos em “outsourcing”.
Com dinheiro tudo se faz, e pelos vistos existe dinheiro a rodos para os aviões civis de combate a fogos.
Porque não existe dinheiro (muito menos) para que os meios sejam operados pela Força Aérea? É fácil de investigar…
Porque não foram e não são usadas infraestruturas aéreas como a Base de Tancos, Ota e outros locais? Porque as Forças Armadas não são chamadas a intervir?
A quem interessa que os meios demorem muito tempo a ir e voltar, estando pouco tempo no teatro de operações, a combater os incêndios?
Em Portugal a função “controlo” do Estado foi desaparecendo, e vamos percebendo porquê, com os múltiplos escândalos, ligados a personalidades políticas de vários partidos. Retiram-se meios a quem controla, investiga, e deixa de haver controlo.
A Justiça não funciona, os pirómanos são presos e logo soltos, com uma medida de coação.
Existem soluções: colocá-los a limpar as matas na época de prevenção, e prendê-los todos os anos de junho a setembro. Colocar o incendiário ao nível do terrorista, e se preciso for, retirar-lhe a cidadania portuguesa, entre muitas outras soluções…
Medidas duras? Certamente que não são mais duras que as mortes nos incêndios (todos os anos), a destruição de bens materiais, bem como do nosso maior tesouro e base de sobrevivência para o ser humano: as matas!
As matas não são limpas, porque não há a função controlo, nem a responsabilização de quem as deve mandar limpar.
O negócio da compra e venda da madeira queimada, os interesses em eucaliptar o país, especulação imobiliária, negócio da caça privada vs caça pública, o negócio da indústria dos equipamentos de combate ao fogo, alguns dos quais relacionados com elementos da própria estrutura de comando de bombeiros (como chegou a vir a público há anos).
Só um país de brincadeira, como Portugal, tem a sua estrutura assente no voluntariado. Portugal devia investir num corpo de bombeiros profissionais.
0 Comentários