Num clima cheio de emoções, cerca de mil emigrantes juntaram-se na passada quinta-feira, no tradicional encontro promovido pela Câmara Municipal há mais de duas décadas, Expotour – Festa de verão, na Expoeste. Para saber quais os destinos e as histórias de vida, o JORNAL DAS CALDAS falou com 10 emigrantes.
A maioria saiu do país há várias décadas, mas alguns que pertencem à nova vaga de emigração manifestaram estarem cientes de que voltar a viver no país não é uma alternativa viável, e os mais velhos relataram que passaram muitas dificuldades e que tiveram de se esforçar bastante para ter valido a pena terem saído do país. Saudades da família, da comida e até do clima, sempre tiveram.
Neste evento, o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, anunciou que a autarquia vai desenvolver um projeto de concurso fotográfico que pretende refletir as diversas faces da emigração caldense nos quatro cantos do mundo, que será apresentado na festa em 2017.
1-Maria de Lurdes Borges, 80 anos
“Fui para França com o meu irmão à procura de uma vida melhor, onde estive emigrada 45 anos. Sempre trabalhei na área da hotelaria e quando me reformei optei por fazer uma temporada em Portugal, nomeadamente nas Caldas da Rainha, onde tenho casas e outra em França. Gosto de estar nos dois sítios. Sempre que venho a Portugal faço questão de vir a este convívio”
2-Maria Alice Franco, 80 anos e José Franco, 85 anos
“Emigramos há 55 anos para França, onde fazíamos um pouco de tudo na construção civil e a minha esposa era governanta e costureira. Fomos para França, porque em Portugal não se ganhava para viver. Eu e a minha esposa fomos obrigados a deixar a nossa filha de nove anos em Portugal. O nosso objetivo era ter alguns imóveis em Portugal e isso nós conseguimos com muito trabalho e sacrifícios. Hoje em dia, estamos reformados e todos os anos tiramos cinco meses de férias para vir às Caldas, terra que adoro. Preferia ficar na minha terra, mas a minha família, filhos e netos estão em França, por isso, vamos ficando por lá”
3-Elsa Barroso, 40 anos,
“Sou descendente de pais caldenses e vivo em França, mas sempre gostei de vir a Portugal passar férias. Trabalho na cadeia de supermercados E. Leclerc, pois há mais possibilidades no mercado de trabalho em França do que em Portugal. Apesar de sentir saudades da comida e das praias, tenho em França o que é preciso para viver e já estou habituada a estar lá. Hoje em dia com as novas tecnologias não se sente tanto a saudade como há três décadas, quando os meus pais emigraram, em que só conseguiam telefonar uma vez por semana para Portugal.
4-José Barroso, 72 anos e Maria Albertina Barroso, 65 anos
“Fui para França com 27 anos para procurar melhores condições de vida e emprego e depois a minha esposa foi lá ter comigo. Saí daqui como viajante e fui para lá trabalhar na área da construção civil e posteriormente, era responsável por uma cadeia de supermercados e a minha esposa trabalhava na área da contabilidade. Foi a necessidade que levou a emigrar. Era só para ir um ano, mas consegui lá a segurança económica. Na altura sentia muitas saudades da família. Atualmente estou reformado e a viver nas Caldas da Rainha, mas sempre que posso vou a França visitar os filhos e netos.
5-Maria Bernardina, 55 anos
“Fui para os Estados Unidos com seis anos, com os meus pais que são naturais das Caldas da Rainha. Cresci lá e casei-me lá com um português, que já conhecia quando costumava passar férias em Portugal. Há dois anos mudei-me para a Flórida, e atualmente passo lá oito meses e quatro cá. Trabalho num hospital, e sempre que posso venho visitar a minha família e matar saudades da comida portuguesa. Não penso em vir morar para Portugal, pois o tempo lá é mais favorável do que aqui e além disso, tenho lá estabilidade financeira que cá não irei ter”
6-Carlos Bernardino, 49 anos
“Emigrei sozinho com 16 anos para o Canadá com o intuito de dar um rumo à minha vida. Encontrei lá a oportunidade de emprego que não tinha em Portugal, onde tive um negócio próprio ligado à serralharia. Lá conheci a minha esposa no Clube Português de Nova Iorque e casei-me. Atualmente encontro-me desempregado e só gosto de Portugal para passar férias, uma vez por ano, durante o mês de agosto. Mas nunca se sabe. É a primeira vez que venho a este “Dia do Emigrante” e estou a adorar”
7-Ramiro Gregório, 69 anos
“Estive 30 anos a viver em França, onde comecei a trabalhar como pedreiro e depois mais tarde numa cadeia de supermercados. Fui para lá com 19 anos, com a intenção de um dia voltar, mas sempre que podia vinha quatro vezes por ano a Portugal. Atualmente estou a morar no Campo, pois fiz questão de vir gozar os meus dias de reformado em Portugal. Sempre senti muitas saudades do meu país e da minha família, mas lá consegui atingir uma boa estabilidade financeira para mais tarde retornar”
8-Paulo David e Jenny David
“Fui para o Canadá com os meus pais com dois anos e lá cresci e formei-me em engenharia, mas foi cá em Portugal que conheci a minha esposa que nasceu em Toronto e é contabilista. Ambos costumamos vir a Portugal passar férias desde pequenos, para visitar os nossos familiares e principalmente, para matar as saudades da gastronomia portuguesa. E todos os anos tentamos conciliar as nossas férias com o “Dia do Emigrante”, para podermos usufruir deste momento de reencontro da comunidade. Gostávamos tanto de vir morar para Portugal, mas a nossa vida começou lá e temos os filhos lá”
9-Isabel Reis, 77 anos
“Estive emigrada na Suíça durante 21 anos para conseguir estabilidade financeira de forma a poder sustentar a minha família e filhos, que acabei por levar mais tarde comigo. Lá trabalhei como cozinheira e depois reformei-me e voltei para as Caldas. Mas sempre que posso vou lá ver os meus filhos, netos e bisnetos.
Quando estava na Suíça sempre senti muitas saudades de Portugal, especialmente da gastronomia e do ambiente, por isso faço questão de todos os anos vir a esta festa para reencontrar alguns amigos”
10-Mariana Serrano, 76 anos
“Senti necessidade de emigrar para Alemanha com 24 anos. Aprendi o idioma e tirei o curso de enfermagem. Depois estive a trabalhar num hospital durante 35 anos. Estive lá durante 50 anos. Reformei-me e voltei para Portugal, pois adoro o meu país, a minha gente, nosso clima e gastronomia.
Quando estava lá sempre senti muitas saudades do mar e da família. Atualmente moro nas Caldas, mas sempre que posso vou lá visitar a filha e os netos”
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