“Num dia temos médico e não temos administrativa. No outro temos administrativa, mas não há médico”, relatou o presidente da Junta de Freguesia de Alfeizerão, Leonel Ribeiro, contestando o facto de “a maior parte dos dias” a extensão de saúde se encontrar fechada.
A vila tem 3800 habitantes e mais de mil utentes estão inscritos nesta extensão de saúde. O autarca revelou que se deparou com “85 receitas por passar a pessoas que aguardam há mais de um mês”. Ele próprio é lesado: “Ando há mais de seis meses para mostrar o resultado de análises e tenho a medicação interrompida”.
Amélia Cunha tem 54 anos e precisa de medicamentos porque é diabética crónica, tem colesterol e é hipertensa. “Tinha consulta e a médica não apareceu. Tenho análises para mostrar e onde vou buscar os medicamentos? O meu pai também precisa de vir ao médico porque tem pedra no rim. Isto está bom é para as agências funerárias”, desabafou.
Adelaide Estrelado, de 72 anos, afirmou estar “à espera de uma consulta de ortopedia”, lamentando que “cada vez que a doutora está doente, mete baixa ou tem férias não há outra a substituí-la”.
António Saudade, de 78 anos, mostra-se inconformado: “Fiz exames e a médica não comparece para vê-los. É lamentável”.
Zaida Rebelo, de 48 anos, é doente oncológica e não tem conseguido realizar exames pedidos pelo Instituto Português de Oncologia, devido à falta de médico na extensão. A sua mãe, de 85 anos, sofreu um AVC no mês passado. “Teve alta há três semanas e desde essa altura que ando com ela para mostrar os exames. Chego ao hospital das Caldas da Rainha e dizem para ir ao médico de família”, contou.
Apenas em Setembro as atuais médicas regressarão de férias. O Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste vai tentar atenuar o problema com a contratação de médicos a uma empresa de prestação de serviços.
Francisco Gomes
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