Q

Previsão do tempo

16° C
  • Friday 17° C
  • Saturday 15° C
  • Sunday 15° C
16° C
  • Friday 17° C
  • Saturday 15° C
  • Sunday 15° C
17° C
  • Friday 17° C
  • Saturday 15° C
  • Sunday 16° C

Casal caldense dá a volta ao mundo

Joana Oliveira e Tiago Fidalgo

EXCLUSIVO

ASSINE JÁ
Depois de nos termos já habituado aos olhos em bico, caraterísticos a partir do momento em que pisámos a Ásia Central, chegámos ao Tajiquistão e sentimo-nos num mundo diferente. E são várias as diferenças, muitas as novidades: mas todas elas dentro do registo asiático. As vestes são muito parecidas com as do Uzebequistão, feitas de longos vestidos e calças do mesmo tecido. Também usam lenços na cabeça, e as belas das sandálias com meias por dentro! Mas não perfazem a maioria: há já muitas mulheres a vestir roupa europeia, como lhe chamam, por entre as calças de ganga e blusas compradas nos bazares, onde corre de vento em popa a moeda local – o somoni, feito de notas fininhas de tão velhas e usadas.
Foto no famoso lago do Tajiquistão, o Iskander Kul

Também em torno de dinheiro gira o policiamento, que embora pelas ruas fora seja pouco, ou normal, permita nas estradas assistir a um maior controlo e maior corrupção: mandam os carros parar de forma aleatória e sistemática, recorrendo a um apito e um sinal vermelho. Depois, mesmo que os condutores tragam os documentos pessoais e do carro, vimos também trazerem escondida na mão direita uma nota; e é no momento em que cumprimentam o senhor agente, que lha passam para a mão de forma imediata e discreta. Depois, é vê-los levar a mão ao bolso e acenar para seguir. E muitas vezes os carros simplesmente não param, mas nada demais acontece. Limitam-se a perder 50 cêntimos. O ordenado de um oficial é tão mau que se vêem obrigados a conseguir este dinheiro por fora – argumentam.

Muitos dos carros no país são táxis não oficiais, mas utilizam em maioria as mashrutkas, os táxis partilhados em forma de pequenas vans, pequenas carrinhas. E com este método de transporte continuam sem entender o conceito de boleia ou deslocação grátis, pois os transportes funcionam da mesma forma: as pessoas mantêm-se na borda da estrada à espera que alguém que vá na sua direção as levem, a troco de uma pequena quantia.

Contudo, para turistas ou viajantes a conversa fica diferente: as quantias nem sempre são pequenas. Embora este não seja o país mais barato da Ásia central, não podemos dizer de todo que seja caro; mas aqui gostam de nos passar a perna ou connosco tentar ganhar algo mais. Inclusive um polícia perto do palácio de Dushambe, a capital, que aparentemente se aproximou de nós para saber de onde vínhamos, depressa terminou o seu discurso pedindo-nos dinheiro. Começou pelos dólares, passou para os euros e acabou o pedido na moeda local, o que educadamente nos recusámos a dar. Tudo isto em russo, porque embora o tajique seja a língua oficial, gostam de exibir o legado da União Soviética.

As casas no geral mantêm o estilo a que nos temos vindo a habituar: áreas grandes e abertas, sem mobílias, com muitas carpetes pelo chão. Os colchões para sentar (como sofá) ou para dormir (como cama) são os mesmos, feitos de tecidos lindos e com cores maravilhosas! Mas se os lavam? Nunca vimos. São muito porcos de forma geral. Mas fora das grandes cidades, são as casas de banho que mais medo metem: nem latrina, nem nada, só um buraco no chão; mesmo em casa de gente rica, numa divisão por norma feita àparte da casa principal, sendo necessário passar pelo jardim para lhe chegar. Não há autoclismo, nem lavatório, e os dejetos permanecem naquele fundo sem fim. Até o papel higiénico é escuro e diferente. E também nas ruas se vê muito lixo por todo o lado, contudo, percebemos que não há caixotes ou contentores onde as pessoas o pudessem pôr. E é de ânimo leve que atiram tudo para o chão, seja papéis, garrafas ou restos de comida.

Talvez por isso no país a água não seja potável, nem para lavar os dentes. E importa dizer que o calor é imenso. Mas pelas cidades fora, encontram-se tubos e canalizações, e maneiras a esguichar água, num verdadeiro clima de desperdício. E por isso nas estradas de terra batida e buracos se formam poças a cada esquina. E é mesmo aí que podemos encontrar locais a beber e saciar a sua sede, muitos deles com um caneco de alumínio partilhado. Por entre sorrisos, oferecem-nos sempre dizendo que é das melhores águas do mundo, saborosa e boa de beber! A arte de partilhar.

Por ser um país muçulmano, as questões relativas às mulheres mantêm-se, sendo expetável e desejável que casem e tenham filhos muito cedo, motivo pelo qual não conseguem compreender porque é que não temos um bebé connosco. Contudo, é na praia que se percebe a mudança, podendo ver-se uma mulher de biquíni tão depressa quanto se vê uma mulher coberta.

Por fim, gostam de saber o porquê de tudo, mesmo quando não tem fundamento, o que por vezes nos deixa perdidos. Chegam até a perguntar porque é que temos 25 e 26 anos ou porque é que decidimos viajar, o que em russo se torna difícil de responder. A princípio esforçávamo-nos, mas depressa aprendemos que a única resposta que não levava a mais nenhum porquê é a de que “em Portugal é assim!”.

Joana Oliveira e Tiago Fidalgo

(0)
Comentários
.

0 Comentários

Deixe um comentário

Últimas

Artigos Relacionados

“Flash mob” comemorou 30 anos da EB de Santo Onofre

Um “flash mob” com a participação de cerca de uma centena de pessoas para assinalar os 30 anos da Escola Básica de Santo Onofre foi o momento alto do Dia Aberto daquele estabelecimento escolar, que decorreu no passado sábado.

dji 0226 0161

PSP intervém em jogo de futebol

O Comando Distrital da Polícia de Leiria da PSP transmitiu que no final de um jogo de futebol do escalão júnior realizado no passado sábado no Campo Luís Duarte, nas Caldas da Rainha, o juiz da partida “comunicou ao comandante do policiamento” ter existido uma “suposta tentativa de agressão ao árbitro” por parte do treinador de uma das equipas.