O Simpósio Internacional de Escultura das Caldas da Rainha (Simppetra) desperta interesse nos artistas devido às condições oferecidas – para além da pedra e do equipamento necessário, também o alojamento, a alimentação e o pagamento de metade das viagens, para além de uma bolsa de 2500 euros. Por isso, o evento deste ano registou 116 candidaturas para apenas cinco vagas (Fabian Saeren da Bélgica, Fernando Pinto da Colômbia, o holandês Chris Petersen, a turca Canan Zongur e o português Mário Lopes).
Mais de quarenta toneladas de pedra foram partidas e trabalhadas nas Caldas da Rainha, dando origem a cinco esculturas para todos os gostos, que referem assuntos de atualidade.
O belga Fabian Saeren que trabalhou com o estudante Guilherme Silva realizou uma peça figurativa em granito, dando origem a um enorme prego na madeira.
De acordo com o escultor trata-se de uma peça que vai ser colocada na vertical e que “permite várias interpretações, no que diz respeito à utilização do homem em relação aos recursos naturais”.
O português Mário Lopes que já esteve em 12 simpósios pelo mundo deixou nas Caldas, uma peça intitulada “Pinus”. Trata-se de uma representação da natureza num espaço confinado, neste caso uma forma abstrata de um pinheiro. Já o colombiano Fernando Pinto trouxe o projeto “Two-getter”, que “juntou duas peças de mármore branco, que apenas se tocam e que retratam a atualidade”.
A turca Canan Zongur procurou realizar uma obra em calcário sobre o “último passo” do ciclo da vida, onde existem várias curvas, tal como acontece na vida humana.
O holandês Chris Petersen procurou representar um o impacto da água. “Peguei na transformação que a superfície da água tem quando recebe uma gota e que se espalha, em padrões aleatórios”. Além destes cinco escultores também participou a algarvia Rita Ferreira de 26 anos, como assistente e Vítor Reis, como diretor técnico do simpósio, que participou “pela primeira vez como assistente no evento em 1998”.
“Foi uma experiência que me marcou muito e fiz alguns contactos com os artistas experientes ”, sublinhou o diretor técnico, adiantando que “é uma experiência que fica na memória e que nos faz crescer profissional”.
A peça que ainda não estava acabada “procura dar a ideia de camadas e todo o processo envolvente”, como por exemplo “uma coisa dentro de outra coisa”. Ainda destacou que ” parte dos traços desenhados na pedra transformando-os em planos”.
Rita Ferreira sublinhou que começou na trabalhar pedra e “nunca mais conseguiu largar”, apesar de estar fazer mestrado de Design de Produto. “Este simpósio faz-me querer voltar à escultura de grande formato”, revelou. Já Guilherme Silva salientou que o simpósio tem sido “uma experiência muito positiva para adquirir novas competências, num material que não estava habituado a usar”
Para José Antunes, diretor do Centro de Artes das Caldas da Rainha, “hoje de facto o Simppetra é um dos mais antigos conceituados e antigos simpósios de escultura do mundo a decorrer interruptamente”, recordando os primeiros escultores que participaram neste simpósio como foi o caso de Antonino Mendes, António Duarte e Vidigal. Ainda destacou que este vento “proporciona uma troca de experiências e saberes, que beneficia um astro de escultores e personalidades artísticas, para colaborar e para deixar o seu trabalho”.
A vereadora Maria da Conceição recordou o início deste evento, destacando a participação do mestre António Duarte.
Segundo Maria da Conceição, “decidimos dar início aos simpósios na sequência do que tinha acontecido em Évora e no Porto, sendo uma grande aventura que implica uma grande logística”.
“Os simpósios tem-se mantido ao longo dos anos, com elevada qualidade fazendo do Centro de Artes, uma instituição conhecida por esta iniciativa”, esclareceu a vereadora.
Tinta Ferreira também presente indicou que “esta ideia de embelezar os espaços públicos, com um conjunto de peças realizadas nos simpósios é uma ideia que tem vindo a ser desenvolvida pelas Caldas”.
“Esta é uma das iniciativas mais antigas desta área, que continua vivo e atenuante”, salientou o autarca, acrescentando que “o simpósio continua a proporcionar workshops e experiências entre um conjunto de artistas que vão continuar a fazer referência a Caldas da Rainha”. Ainda revelou que a colocação das peças vai ser definida pela Junta de Freguesia e pela população, sendo que algumas iriam fazer parte do “Jardim de esculturas”, no antigo parque de campismo do Parque D.Carlos I.
O autarca também frisou que os edifícios do Centro de Artes vão sofrer algumas requalificações e ainda foi constituída “uma unidade de cultura que integra o contexto do centro de artes”. Por fim, revelou que a inauguração do Museu Leopoldo de Almeida irá ser feita no 15 de maio do próximo ano.
“O edifício está concluído a uns meses mas, neste momento estamos a preparar as peças e a organizar o espólio, de forma abrir ao público no próximo ano”, concluiu.
Mariana Martinho
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