Munido de garrafas de água e um colchão para pernoitar, Rui Amaro, presidente da Junta de Freguesia de Valado dos Frades, na Nazaré, iniciou na noite da passada sexta-feira uma greve de fome em protesto contra a falta de médicos na Unidade de Saúde Familiar (USF) da vila, onde um dos dois clínicos cessou funções, levando a que 1800 utentes tenham de se deslocar seis quilómetros até à sede do concelho.
Instalado à porta do centro de saúde, o autarca justificou que apesar de existirem conversações com o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste para resolver a situação, “não sabemos se será resolvida dentro de quinze dias, no final do verão ou no fim do ano, porque a tutela manda-nos aguardar”, pelo que decidiu enveredar por este protesto, como forma de chamar a atenção para o problema.
Segundo o presidente da junta, a vida dos utentes sem médico naquela USF fica mais complicada, sobretudo porque “a maioria são pessoas de idade avançada”, sem condições para terem de ir até à Nazaré para serem observadas. A médica que permanece na USF só irá receber três consultas diárias, sendo apenas uma delas aberta aos utentes do clínico que saiu.
Rui Amaro reuniu a solidariedade da população, que o acompanhou nesta luta. “Estou coxa e velha, e o dinheiro não é muito para andar a pagar o transporte para a Nazaré”, queixou-se Maria Madalena. “Temos de ir ao médico ao cemitério, porque aqui não há”, lamentou Manuel Dias.
A greve terminaria na tarde do domingo, quase dois dias após ter sido começada, porque foi recebida a informação de que seria contratado um clínico nos próximos dias.
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