João Aidos, coordenador do Convento de São Francisco de Coimbra, que foi um dos oradores da terceira sessão de trabalho sobre a elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento das Caldas da Rainha no horizonte 2030, afirmou que “a marca Bordalo Pinheiro pode ser trabalhada à grande escala para promover a criação artística na cidade”.
Na sessão que teve como tema “cuidar da coesão social nas Caldas”, o interveniente sustentou que o Parque D. Carlos I deverá fazer parte do Plano Estratégico como “um lugar de encontro e de identidade da comunidade e que reforce o sentimento de pertença das pessoas”. Defendeu que se devem aproveitar os pontos fortes de cada território,destacando também a Lagoa de Óbidos em termos de estratégia turística da região.
Delineou algumas prioridades, nomeadamente o trabalho em rede, a qualificação dos conteúdos culturais, internacionalização e a eficácia administrativa.
Qual é agenda da cidade das Caldas da Rainha? Quais são as verdadeiras respostas públicas que é preciso dar a este território? Que emprego estamos a criar? Quais as grandes funções de uma autarquia em termos de mediação e como facilitador do território? Como é que a cidade comunica? São algumas questões que João Aido considerou “fundamentais perceber quando se está a elaborar um plano estratégico”.
O orador, que abordou o tema da educação e cultura ao serviço do desenvolvimento humano, considerou que “importa implantar estratégias que coloquem a tónica na criatividade e na participação e que procurem devolver o espaço público às suas comunidades, convidando-as à interação e partilha comum, valorizando igualmente a qualidade do ambiente urbano nas suas várias dimensões ambientais, antropológicas, estéticas e culturais próprias do lugar”.
Para João Aidos é “necessário redefinir lugares de encontro, identidade e vida, locais de coesão social com forte valor simbólico, dando atenção particular às noções de participação, vitalidade urbana e cidadania”.
Paulo Madruga, diretor executivo da Augusto Mateus & Associados, empresa que está a fazer o Plano Estratégico das Caldas, trouxe várias ideias para estimular a reflexão, destacando a “competitividade dos territórios tendo em conta a coesão territorial”.
Do ponto de vista dos equipamentos, revelou que o país está melhor do que há 30 anos atrás mas que “não houve um equilibrado entre o domínio da coesão económica e da coesão social”.
Quanto à riqueza que foi gerada na região Oeste, o orador disse que no ano de 2000 teve um produto interno bruto per capita de 87% da média nacional e em 2014 de 81%. “A região parece ter atrasado”, disse, explicando que não há estatística do valor acrescentado do concelho das Caldas, porque é difícil de apurar numa escala pequena. “Há um caminho que foi feito que privilegiou a coesão social à coesão económica”, explicou Paulo Madruga.
Para este responsável, o roteiro do futuro deverá valorizar o princípio da diferenciação territorial como fator de criação de riqueza.
José Manuel Henriques, professor no departamento de economia política do ISCTE, falou da empregabilidade e atuação face aos novos fatores da exclusão social. É da opinião que para compreendermos o futuro temos que “perceber o passado”, por isso fez um enquadramento “da história da pobreza e da exclusão social na Europa”.
O presidente da Câmara, que abriu a sessão, disse que não é possível ter coesão territorial nas Caldas sem um “conjunto de serviços de qualidade”. Mesmo sem ser a capital do distrito, Caldas da Rainha tem-se “afirmado por si própria”, porque, segundo Tinta Ferreira, tem “um conjunto de serviços que nos tem permitido afirmar e crescer”.
Para o autarca não é possível ter coesão territorial, “se não tivermos serviço de saúde de qualidade”, defendendo um novo hospital nas Caldas.
Para definir ensino de qualidade, Tinta Ferreira afirmou ser preciso “ter o número de estabelecimentos de ensino suficientes para que as turmas possam estar devidamente ordenadas e possamos manter os resultados educativos que temos tido”.
Para afirmar as Caldas junto das gerações mais novas, é preciso “ter desporto diversificado e de qualidade como aquele que felizmente temos tido”.
PS questiona Plano Estratégico
No final das intervenções houve um espaço dedicado ao debate onde algumas das cerca de 70 pessoas presentes manifestaram as suas preocupações em relação à elaboração do Plano Estratégico.
O deputado municipal Manuel Nunes em representação dos membros do Partido Socialista, recordou que o anterior Plano Estratégico foi elaborado porque era requerido como requisito para candidaturas a fundos comunitários. “Sabem qual foi a sua taxa de execução?”, questionou. O interesse da existência do atual vai ser diferente ou tem a vantagem de ser também um requisito exigido para formalizar outras candidaturas a fundos?”, interrogou.
Defendeu a interligação com a revisão da Carta Educativa, onde “devem estar indicadas as perspetivas futuras, atendendo às alterações legislativas, às dinâmicas demográficas e de natalidade e à expansão urbana da cidade e dos diferentes aglomerados urbanos do concelho”.
Manuel Nunes considerou que há várias questões para o concelho que têm que estar contempladas, como o reajustamento na organização dos Agrupamentos de Escolas. Questionou também se vai englobar neste reajustamento os dois colégios privados existentes.
Defendeu também a intervenção da ESAD.CR neste processo, lembrando que o plano deve contemplar o “Corredor Criativo, entre esta escola e o centro da cidade, aprovado na Assembleia”.
Questionou se este plano está relacionado com outros concelhos através da CIMOeste, passando a ter uma perspetiva regional e mais fácil de defender, porque “se não existir, qualquer concelho também pode colocar no seu Plano Estratégico a construção de um novo hospital e assim teremos várias propostas diferentes e não uma global e exequível”, apontou.
Qual a ligação com as áreas de regeneração urbanas recentemente aprovadas, foi outra questão colocada pelo deputado do PS, que considera que o Plano Estratégico deve influenciar a revisão do PDM. Quis ainda saber qual a influência neste plano das forças de segurança, proteção civil e militares?
Rui Gonçalves, do CDS-PP, disse que Caldas da Rainha tem uma vertente cultural dinâmica, com vários eventos que muitas vezes decorrem em simultâneo. Considera que a cidade tem equipamento para bons eventos só que depois “falta o planeamento e comunicação”.
O que se pretende para as Caldas da Rainha em 2030?
O que se pretende para as Caldas da Rainha em 2030? Terminaram as três sessões de trabalho que vão contribuir para a elaboração do plano. Vânia Rosa, da equipa responsável, disse que agora vai decorrer a fase de diagnóstico, que deverá estar concluído neste primeiro semestre e no segundo semestre deverá começar a trabalhar com a Câmara na fase da visão e estratégia. Antes de apresentar o trabalho final em dezembro ou no início de janeiro de 2017 haverá uma etapa de devolução ao público.
No seu entender, as três sessões são relevantes para a elaboração do trabalho porque acima de tudo manifestam as preocupações das pessoas. “Agora é preciso articular esta leitura com o nosso trabalho técnico”, revelando que questões como a mobilidade foram destacadas. “A comunidade quer continuar a dinâmica de criatividade, e que se reflita sobretudo na criação de emprego”, a
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