Em véspera de feriado municipal, o habitual concerto em frente à estação de comboios começou a aquecer e chamar público ao som das músicas dos Salmoura, vencedores do concurso regional de bandas emergentes. Depois ouviram-se os primeiros acordes da Big Band, formada por Xico Martins, (guitarra elétrica), Tozé, Ricardo e Manuel Marques (secção de metais), Samuel (bateria), Pepe (viola baixo), Amadeu Magalhães (flauta, viola acústica e cavaquinho), João Paulo Pereira (teclas) e Gonçalo Tavares (coro), que depressa envolveram e entusiasmaram a plateia a cantar os êxitos de uma carreira de 50 anos do compositor ribatejano.
“Cai neve em Nova Iorque”, “Vem viver a vida amor”, “Cabana junto à praia”, “Eu nasci para a música”, “Um grande, grande amor”, “Mais um dia”, “Coração de papelão” e “No dia em que o rei fez anos”, foram algumas das canções que fizeram as delícias dos caldenses, mas o momento alto da noite foi o tema “Como o macaco gosta de banana”, que levou os caldenses a cantar.
Além deste conjunto de canções emblemáticas, tocadas de outra forma, também fizeram parte do alinhamento temas mais roqueiros do recente álbum “Menino prodígio” e algumas novas do próximo álbum, que sairá este ano, intitulado “Clube dos corações solidários do capitão Cid”.
Sobre o cd editado em abril do ano passado, o músico, de 74 anos, referiu que não se sente de forma alguma um menino-prodígio, “sou apenas aquele lutador ribatejano que não se entrega facilmente e que soube esperar, pois sabia que estava apostar em mim”. Ainda destacou que “nunca pára”, tendo vários álbuns prontos a sair ligados aos fados e ao jazz.
“Enquanto puder escrever e cantar as minhas canções ao lado da minha mulher, vou continuar a fazer”, explicou o compositor, que na bagagem trouxe música nova, naquela que diz ser “uma fase muito feliz da carreira”.
Nas Caldas, José Cid apresentou duas músicas do próximo álbum, a editar no final deste ano. Entre elas, “João Gilberto e Astor Piazzolla” e “Saudades do Botequim”, sendo temas que marcaram a sua carreira. Também deixou a promessa aos caldenses de voltar para dar um concerto solidário a favor da Cruz Vermelha.
Depois das canções emblemáticas, o compositor chamou ao palco Gonçalo Tavares para interpretar dois temas originais e ainda para cantar um tema juntos.
Com um concerto a bater de perto as duas horas de duração e uma rua cheia mais uma vez, José Cid despediu-se com mais um dos seus temas, deixando o público rendido e aplaudindo a chamar por ele. Veio novamente ao palco, desta vez surpreendido com a entrada de todos os músicos da Big Band para interpretar a última canção, “Menino Prodígio”, protagonizando o momento mais emocionante do concerto.
“Acho que a minha entrega, juntamente com a Big Band, leva a que as pessoas percebam que nós estamos ali a trabalhar e a dar tudo por tudo, para que o público entre no mundo das músicas”, frisou José Cid, caracterizando como uma “coisa transgeracional”. Ainda destacou que esta parceria faz com que “haja várias gerações que venham atrás do meu trabalho”.
Durante todo o espetáculo, assistiu-se a uma comunhão permanente entre o público e os músicos.
O compositor, que confessou que “não vinha às Caldas há vinte e tal anos”, caracterizou a cidade como um “espaço tem muito a ver comigo” e que deixou marca na sua juventude. “Foi nas Caldas que fiz a maior proeza desportiva da minha vida, em 1991, no campeonato de salto em altura”, revelou José Cid, que também é amante das obras de Bordalo Pinheiro.
Foi uma véspera de feriado municipal de festa, com muita música, cafés abertos até mais tarde, com pessoas na rua e muita animação, que foi concluída com o habitual fogo-de-artifício.
Salmoura recebem apoio de José Cid
No final do espetáculo, José Cid recebeu a banda caldense fundada em 2012, e em tom de agradecimento disse que gostava de apoiar o grupo na edição de um disco e ajudar que os quatro amigos tenham maior visibilidade. “Pareceu-me uma banda de muita qualidade, honestos e bons músicos, com temas muito interessantes”, salientou o compositor ribatejano.
Este grupo, formado por Rita Couto- voz, Martim Broa- guitarra, Daniel Silva- bateria, Pedro Rico- baixo e Natanael Gama- teclas apresentou temas instrumentais. Sem colocar grandes metas, a banda assumiu que este apoio oferecido por José Cid é “muito importante, pois é uma oportunidade de dar um salto e sair da garagem”.
“O facto de ser um verdadeiro músico é o que faz reconhecer também uma música genuína”, explicou a banda, revelando que o objetivo neste momento é “gravar um disco com as nossas músicas”.
“José Cid é uma espécie de musa inspiradora, que ao oferecer este tipo de apoio faz-nos querer trabalhar ainda mais com afinco”, sublinharam os Salmoura.
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