Nas jornadas que debateram o contributo social e cultural das procissões junto da população, o cardeal patriarca adiantou que repara sempre com muito agrado como “o programa cultural nas misericórdias portuguesas continua vivo”. “A cultura é o sujeito ativo, são as pessoas, as ideias, os sentimentos e as Misericórdias têm isso tudo”, adiantou.
D. Manuel Clemente recordou que as Misericórdias “têm uma existência global” e não são apenas para “dar comida a quem tem fome, a quem tem sede, a vestir os nus ou visitar os presos e os doentes”.
Referiu que estamos “perante a primeira geração que gagueja quando se pergunta de onde é”. “Hoje a maioria das pessoas são urbanas de semana e rurais ao fim de semana. A dispersão é um fator novo”, afirmou, fazendo notar que perante este desafio hoje “temos a oportunidade de ter encontros muitos diversificados e que se conjugam com a nova forma de viver a vida”. Manifestou, no entanto, que este grande interesse turístico “tem que ser humanizado” e não “tão episódico, e circunstancial”.
As III Jornadas de Museologia nas Misericórdias, organizadas pela União das Misericórdias Portuguesas e Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, tiveram o apoio do Município de Óbidos.
O presidente da Câmara de Óbidos realçou que o turismo vive da “diferenciação” dos produtos existentes e que o “turismo religioso tem crescido bastante nos últimos anos”. “Como é que as misericórdias, a partir de uma identidade e uma resposta local podem posicionar-se para criar riqueza”, questionou Humberto Marques.
Carlos Rodrigues, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, fez um balanço positivo das jornadas, que levou as santas casas reunidas em Óbidos a fazerem uma reflexão crítica sobre o seu património.
O provedor destacou o património edificado, que nasceu e se “conserva nas misericórdias, que têm aproximadamente 60 museus em todo o país”, revelando que as cerimónias da Semana Santa em Óbidos são um “fator de atração que se tem desenvolvido”.
Disse que quer intensificar a atividade cultural da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos e ver “de que forma se pode enriquecer a economia local” através do turismo religios, para que seja “um elemento distintivo do Oeste”.
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