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Vocalista dos UHF no “21 às 21”

Mariana Martinho

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“Há muita música portuguesa pateta, feita a partir do computador”
António Manuel Ribeiro foi convidado da sessão promovida pelo MVC

“Poesia. Literatura. Canção: Intervenção cívica e arte”, foi o tema da palestra de mais uma sessão “21 às 21”, organizada pelo Movimento Viver o Concelho (MVC) no passado dia 21, na sala da União de Freguesias Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório. Desta vez, o convidado foi António Manuel Ribeiro, conhecido como vocalista da banda portuguesa UHF, que decidiu percorrer a história da música e do grupo, das origens à actualidade, para defender a ideia que “em Portugal cantava-se muita poesia”, mas hoje em dia “infelizmente há muita música portuguesa pateta, feita a partir do computador”.

Perante uma sala cheia de fãs ou apenas curiosos, António Manuel Ribeiro começou por afirmar que estas tertúlias são “ilhas de pensamento”, que servem para pensar, conversar e traçar pontos importantes numa tradição enraizada na cultura portuguesa. Assim, na perspetiva do cantor, estes espaços servem para “modificar e transformar crucial os pensamentos”.

O líder da banda formada em 1977 desmistificou a ideia de que um “cantor de rock não é um tipo apenas que está em cima do palco, dá uns pulos e toca guitarra, é muito mais que isso”, com vidas próprias e diferentes, que contribuem para as letras das músicas. Para ilustrar a opinião, recorreu ao último álbum lançado pela banda, “O Melhor de 300 canções”, em que as canções são feitas a partir da poesia.

“Somos um país de poetas e somos fantasticamente poéticos”, sublinhou António Manuel Ribeiro, recordando os tempos de liceu e do fascismo, bem como quando começou a conviver com a poesia portuguesa através do livro “O Canto e as Armas”, de Manuel Alegre. Além disso, relembrou a primeira vez que comprou e que começou a ouvir Sérgio Godinho.

“Em Portugal escrevia-se e cantava-se muita poesia e daí a riqueza da poesia portuguesa”, frisou o músico, destacando que na altura da sua adolescência, os autores/poetas portugueses usavam a metáfora como “forma de dizer e passar a mensagem às claras para não serem presos”.

“Os UHF nunca escreveram músicas patetas, como existem hoje em dia”, criticou o convidado. A banda sempre teve o objetivo de “falar para as pessoas e jovens do meu tempo”. Destacou ainda que “escrever diretamente sem ter a censura foi a coisa mais importante da minha vida”, no entanto, António Manuel Ribeiro viu três canções serem censuradas.

“Na minha vida antes de editar os quatro livros, escrevi dúzias de canções onde procurei transmitir uma mensagem ou um alerta”, explicou o músico, exemplificando com causas diretas e reais, e por vezes “próximas de nós”, como é o caso da canção “Lisboa Hotel”, que fala sobre a situação dos sem-abrigo que dormem nos respiradores do metro. Para o antigo jornalista do Record, “foi muito difícil fazer rock em Almada naquele tempo, mas vencemos porque falávamos dos problemas da minha geração”.

“Na minha geração nós vivíamos o nosso país”, explicou, afirmando que a “música começa-se a fazer na rua e reflete o estado social, mas vivemos tempos em que a juventude não tem as dificuldades que a minha juventude viveu”.

Outra canção que António Manuel Ribeiro destacou foi “Soldadinhos de Brincar”, em que retrata a situação dos jovens que eram obrigados a ir para a tropa, devido às “vontades políticas e os disparates dos políticos”.

Apoio a políticos

O líder da banda, que faz este ano 38 anos de carreira profissional, também participou em campanhas políticas apoiando alguns candidatos, como a primeira de Mário Soares e, posteriormente, Manuel Alegre e Paulo Morais.

“O nosso país é tão bonito que as vezes até cansa ver a forma como ele é estragado, aplicando sempre receitas velhas”, afirmou António Manuel Ribeiro, adiantando que “esta é minha forma cívica de intervir, de vez enquanto saio da toca e da minha música”, para exercer o direito de cidadão, apoiando os candidatos.

O compositor da grande maioria dos temas editados pela banda abraçou os livros desde muito cedo. “A literatura é um vício para mim”, frisou o artista, sublinhando que atualmente encontra-se a ler o livro “A Queda de Wall Street”.

O convidado considera uma canção perfeita “aquela que é uma síntese e, por vezes, dizemos tanto numa música como um escritor diz em trezentas páginas”. Além disso, explicou que “a inspiração é uma espécie de amante a quem damos a chave de casa e só entra quando apetece”. Comparou-se ainda ao “trovador perante o atual mundo musical”, em que na sua opinião, “a música é a mesma só muda a letra”. “Eu como português tenho vergonha que um turista ache que esta espécie de música é Portugal”, manifestou o artista.

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