Mais de 25 anos depois da publicação de “Versículos Satânicos”, a obra polémica que lhe valeu o Whitbread Prize, o britânico de 68 anos, faz parte do leque de escritores que este ano está presente em Óbidos no Folio.
Os Versículos Satânicos, livro que condenava o Islão por perseguição contra várias religiões cristãs e hindus), causou controvérsia no mundo islâmico, que considerou a obra ofensiva ao profeta Maomé. Aiatolá Khomeini, líder do Irão, chamou o seu livro de “blasfémia contra o Islão” e condenou Rushdie pelo crime de “apostasia” – fomentar o abandono da fé islâmica – punível com a morte. Khomeini ordenou a todos os “muçulmanos zelosos” o dever de tentar assassinar o escritor, forçado a viver no anonimato por muitos anos.
Há muito radicado no Reino Unido, mas nascido na Índia e descendente de uma família muçulmana, o romancista, de 68 anos, viveu escondido e sob proteção policial do governo britânico, e teve ainda assim melhor sorte do que os seus tradutores japonês e italiano: Hitoshi Igarashi foi mortalmente apunhalado e Ettore Capriolo, também esfaqueado, acabaria por sobreviver. E julga-se que o atentado de 1993 contra o editor norueguês de Rushdie, William Nygaard, baleado com três tiros nas costas, esteja igualmente relacionado.
O gesto de Khomeini levou o Reino Unido a quebrar as suas relações diplomáticas com o Irão, e foi justamente para conseguir reatá-las que, em 1998, o governo iraniano, então liderado por Mohammad Khatami, assegurou publicamente que não promoveria ou apoiaria operações destinadas a assassinar Salman Rushdie.
Mas ainda este ano voltaram a ser revelados montantes que acrescentam 550 mil euros à recompensa já existente de 3,5 milhões de euros a quem executar o escritor. Em entrevistas, tem dito que não se importa com a ameaça e que tem vivido normalmente nos últimos anos.
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