Concluídos em 1901, no reinado de D. Carlos I, para o internamento dos utentes do Hospital Termal, função que nunca chegaram a ter por falecimento do diretor, Rodrigo Berquó, os pavilhões, com mais de cinco mil metros quadrados de área de utilização, acabaram por alojar refugiados de guerra, militares, uma escola, uma biblioteca, sedes de associações culturais, espaços de exposição, armazéns e oficinas.
Com o passar dos anos degradaram-se. Foi detetada infiltração de águas pluviais, que teve como consequências a corrosão dos perfis metálicos, o apodrecimento da madeira dos pavimentos e a degradação acentuada dos revestimentos dos tetos e paredes. Há fenómenos de fendilhação e assentamento de fundações.
Segundo Pedro Ribeiro, um dos autores do diagnóstico, que custou à Câmara doze mil euros, “há zonas onde assusta lá andar”. A prioridade é “estancar a evolução das anomalias, eliminar as infiltrações de águas pluviais, causadoras da formação e proliferação de colónias de fungos de podridão e também de humidades que se propagam nas paredes e tetos dos pisos inferiores”.
As obras passam pela reparação do telhado, revestimentos dos vãos, limpeza do sistema de drenagem de águas pluviais, estabilização das estruturas colapsadas ou em risco eminente, e limpeza geral do edifício, “que tem muito material altamente inflamável que convém ser retirado”, alertou Pedro Ribeiro.
A médio e longo prazo, preconiza-se um estudo geológico com sondagens ao terreno, reforço da estrutura de cobertura, com substituição dos elementos de madeira apodrecidos, avaliação dos pavimentos e do comportamento sísmico do edifício, reparação das paredes, caixilharias e portas, instalação de um novo sistema de drenagem de águas pluviais e reorganização das instalações técnicas.
O estudo sustenta que “após a contenção da degradação e consolidação da estrutura, para preservar o conjunto arquitetónico há que mobilizar a comunidade a interessar-se pelo projeto, abrindo os pavilhões ao público em segurança, com as pessoas a circularem lá dentro e permitindo a ocupação de uma ala para instalação de atividades, o que vai levar a que o espaço não volte a ficar abandonado e vandalizado, previamente a uma ocupação integral”.
Deverão antes ser consolidados os projetos para a regeneração de todo o conjunto arquitetónico com ampla discussão pública.
A autarquia, que procura interessados em transformar os pavilhões em hotel, museu ou outra função turística ou cultural, e que possam subsidiar as intervenções a médio e longo prazo, garante que está a diligenciar a adjudicação do projeto para as obras de consolidação a curto prazo, de modo a acautelar a sustentação dos três edifícios que formam o conjunto enquanto decorrem contactos para encontrar investidores.
“Os pavilhões são mais do que um edifício engraçado. São uma coisa única a nível mundial”, manifestou Pedro Ribeiro.
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