O empreiteiro que ganhou o concurso público foi o consórcio composto por Oliveiras S.A e Sotecnogaio S.A., que vai brevemente começar a montar o estaleiro.
A obra, integrada num projeto de aproveitamento hidroagrícola e que tem o orçamento total de 40,1 milhões de euros, é reclamada há 40 anos pelos agricultores.
A construção da barragem do Arnoia e infraestruturas, concluídas em 2005, absorveu já 14 milhões de euros, mas, apesar de concluída, a barragem não teve aproveitamento nos últimos dez anos, por faltar concluir a rede de rega. Depois de concluída irá permitir irrigar 1185 hectares de terrenos e servir quase mil agricultores dos concelhos de Óbidos e Bombarral.
A obra consignada é referente à primeira fase da rede de rega e contemplará a construção de uma estação elevatória orçada em 4,6 milhões de euros.
Na segunda fase serão construídas uma rede de rega com 45800 metros e uma rede de drenagem com 49500 metros, totalizando a obra cerca de 28 milhões de euros (mais IVA).
O secretário de Estado espera que no máximo dentro de dois anos a obra de regadio esteja concluída. “É uma obra pública há muito tempo almejada pelos agricultores”, lembrou Amândio Torres, considerando que a rede de rega “irá permitir dar um novo fôlego à iniciativa privada e contribuir para a afirmação cada vez maior da agricultura desta região”.
Segundo o governante, é “este tipo de investimentos que faz a diferença e que, bem utilizado pelos empresários agrícolas, irá contribuir para alavancar o setor agrícola como uma das áreas de atividade que pode contribuir positivamente para a balança comercial do país” e o “necessário equilíbrio entre as importações e as exportações”.
Para o presidente da Câmara de Óbidos, este ato “tem uma importância extraordinária”, para “um conjunto de agricultores que começou desde logo a fazer investimentos com recursos a fundos comunitários, mas também com financiamento próprio na expectativa de ter a rede de rega a funcionar”. Humberto Marques revelou que a obra representa o “aumento da produtividade dos nossos terrenos agrícolas” e “vai permitir triplicar as culturas, sobretudo hortícolas, na região”.
O autarca aproveitou a venda do membro do governo para revelar a necessidade de implementara rastreabilidadedos produtos agrícolas, com o objetivo de conseguir uma distribuição de preço mais justa na cadeia de valor e aumento de rendimento dos produtores.
Humberto Marques defendeu ainda perante o governante a alteração legislativa do diploma de constituição de novas organizações de produtores com o objetivo de os beneficar. Pediu também que as apólices dos seguros de colheita sejam feitas em fevereiro em vez de final de março e princípio de abril, dando o exemplo dos prejuízos que houve com o granizo que caiu no passado fim de semana.
Filipe Daniel, presidente da Associação de Regantes, recordou a luta de quase de 40 anos para conseguir esta obra, que vai permitir um acréscimo de produção e que irá desenvolver economicamente a região, revelando que “só 60% da área cultivada já é irrigada”, representando um contributo de “2% para o Produto Interno Bruto (PIB)”.
A cumprirem-se os prazos para a conclusão dos três blocos de rega incluídos no projeto (Óbidos, Amoreira e Bombarral), a expectativa deste responsável é que, dentro de ano e meio “possamos ter a rede de rega a funcionar e duplicar a nossa contribuição para o PIB”.
Para Telmo Faria, presidente da Assembleia Municipal de Óbidos, manifestou que “estamos aqui a abrir a porta para um caso sério daquilo que pode ser o desenvolvimento agrícola”, garantindo que haverá uma grande resposta dos agricultores a este investimento público.
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