No dia 20 de fevereiro, entre as 15h e as 18h, no auditório da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, a deputada no Parlamento Europeu, Ana Gomes, irá relatar a posição da União Europeia sobre esta problemática candente e insolúvel. Estão também convidados para este tema, Carlos Guerreiro, jornalista colaborador da RTP, um elemento da Assistência Médica Internacional e um representante da Amnistia Internacional, secção portuguesa.
Em Caldas da Rainha, a presença de refugiados da II Guerra Mundial foi marcante e indelével. Portugal, com muitas cidades na orla marítima, servia os propósitos estabelecidos pelos acordos internacionais e pelas circulares emanadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e supervisionadas pela Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado.
Para lembrar a presença, nesta cidade, desses migrantes da II Guerra Mundial, o Conselho da Cidade – Associação para a Cidadania colocou fotografias de tamanho gigante na Rodoviária, – sítio de embarque e de desembarque -, no Parque (que desapareceram), onde alguns refugiados vivenciaram momentos de lazer e de descontração, na Rua das Montras, com a colaboração da Foto Franco, e no Museu do Ciclismo.
No âmbito deste projeto, inaugurou, a 14 de janeiro, no Centro Cultural e Congressos – a exposição “Coragem em tempo de medo – Aristides de Sousa Mendes”, cedida pela Câmara Municipal de Viseu, que esteve patente até 14 de fevereiro.
A exposição, constituída por 48 painéis e 5 núcleos, relata apelativamente o ambiente histórico e social que antecede a criação do Estado Novo; a subida totalitária de Adolfo Hitler ao poder, a instauração do regime nazi, as perseguições antissemitas, a anexação dos países europeus e a declaração de guerra pelos aliados; a neutralidade do estado português na II Guerra Mundial, negociada por António de Oliveira Salazar; as irregularidades cometidas contra a Circular nº 14 pelo Cônsul desobediente de Bordéus – que assim salvou do extermínio cerca de 36 mil expatriados, entre os quais 11 mil judeus, foragidos da Europa invadida pelo exército alemão – e, finalmente, a punição inexorável imposta ao diplomata português e à sua família, até à sua reabilitação em 1995.
A visita foi guiada por Irene Pimentel, autora do catálogo e responsável científica da exposição e que também iniciou o ciclo de conversas “Ser cidadão do mundo, hoje”, falando sobre a temática da II Guerra Mundial e do Estado Novo , em que é especialista. Ao seu lado esteve o jornalista Ricardo Silva, colaborador na Revista Visão História e investigador deste período da História mundial, e como convidado honorário, António Moncada de Sousa Mendes, neto do cônsul português.
Na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, a sua presença já fora o centro de aulas abertas, de manhã e de tarde, num auditório pleno que assistiu também a poemas e textos musicados, interpretados por alunos do clube de teatro ARPA e do Projeto Ler+ Jovem, da Biblioteca Escolar. Alunos e professores de cursos técnicos profissionais de audiovisuais e de eventos asseguraram o som, a imagem, o apoio tecnológico e a coordenação da atividade.
No dia 23 de janeiro, o auditório da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro acolheu o alto comissário para as migrações, Pedro Calado, e José Pires Moreira, inspetor coordenador regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. A assistência ficou informada da posição do Estado Português no que diz respeito aos acordos internacionais, em matéria de política de acolhimento ou de asilo das vítimas das guerras atuais.
A vinda a Caldas da Rainha, no dia 1 de fevereiro, de Rui Marques, representante da Plataforma de Apoio aos Refugiados, propiciou a sua participação numa outra conversa sobre o tratamento dos foragidos da guerra na Síria, sobretudo, a situação insustentável no Líbano, na Ilha de Lesbos e nas costas italianas. Os alunos ficaram mais conscientes de que o ambiente de conflito e de instabilidade com celeridade se pode estender a países e a regiões onde a guerra parecia improvável.
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