O caso passou-se na última segunda-feira de manhã nas imediações do Hospital Veterinário das Caldas da Rainha. Segundo relatou a diretora, Joana Nobre, que apesar de não estar diretamente envolvida no ato que motivou a polémica, sentiu necessidade de esclarecer a situação devido aos comentários que começaram a surgir na rede social Facebook, “o genro do proprietário de um canídeo da raça rafeiro alentejano foi atacado pelo mesmo quando tentou retirar o animal do carro junto às nossas instalações. O ataque deu-se no estacionamento junto ao nosso hospital”.

“A esposa da vítima correu às nossas instalações a pedir auxílio. O cão mordeu a vítima na face e nos membros superiores”, adiantou. Também ficou ferido nas costas.

Entretanto, de acordo com Joana Nobre, o animal “ficou na rua, tendo a filha do dono ficado protegida dentro das nossas instalações pelo facto de que o animal atacava todos os que se aproximavam”.

Foi então que chegou a PSP, a Proteção Civil e a veterinária municipal. A vítima foi protegida pela PSP até abandonar o local transportada numa ambulância. Segundo o JORNAL DAS CALDAS apurou, os bombeiros de Óbidos (os das Caldas tinham as ambulâncias todas ocupadas em serviços) levaram-no para o hospital das Caldas da Rainha, tendo classificado os ferimentos como “ligeiros”.

Enquanto isso, “foi fechado um perímetro de segurança em volta do animal para que este não atacasse as várias pessoas e crianças que passavam nas imediações”, referiu Joana Nobre.

A PSP, contatada pelo JORNAL DAS CALDAS, não respondeu em tempo útil às questões formuladas sobre a parte que motivou a discórdia – um tiro disparado pelos agentes na via pública e que atingiu o animal, ferindo-o de raspão na orelha, alegadamente para evitar que saísse do perímetro de segurança.

Acabou por ser o dono a controlar o animal. De acordo com Joana Nobre, “a PSP, para além de evitar que ocorresse outro ataque, conseguiu também controlar a situação sem por termo à vida do animal. Podíamos estar a falar de uma situação com vários feridos graves, o que não aconteceu. Se o animal investisse para uma pessoa ou criança teria que se tomar medidas mais severas. Ninguém deve ter razões de queixa. A PSP agiu com a premissa de proteger todos os que estavam por perto. Foi a sua ação rápida e organizada que evitou que o animal saísse pelas ruas sujeito a apanhar uma criança ou qualquer cidadão”.

Opinião diferente têm os cibernautas que criticaram a atuação da PSP no mural do Facebook da Mais Oeste Rádio, que revelou o caso e onde os comentários se dividiram entre os que achavam que o tiro foi necessário e os que consideraram um ato exagerado, defendendo que podiam ter sido utilizados dardos tranquilizantes e questionando também o nível de descontrolo do cão, já que quando o dono apareceu ele acalmou.

O animal, que iria levar a vacina da raiva, já teria mordido na semana passada o dono do cão. Foi levado para o canil de Óbidos, para quarentena. Foi tratado à ferida e não inspirava outros cuidados.

PSP esclarece atuação (informação recebida após a impressão do jornal)

A PSP informou o JORNAL DAS CALDAS na tarde de quarta-feira (apesar do pedido de informação ter sido efetuado ao princípio da tarde de segunda-feira, com a indicação do fecho da edição) sobre este caso, relatando que a esquadra “foi acionada por uma médica veterinária do Hospital Veterinário”, uma vez que a situação “envolveu um canídeo de grande porte que atacou com gravidade um cidadão na face, antebraço esquerdo, antebraço direito e região dorsal, e que recebeu tratamento hospitalar”.

“O animal foi transportado pela sua proprietária ao referido Hospital para efeitos de eutanásia, porquanto já havia mordido várias pessoas (com registos hospitalares no Centro Hospitalar do Oeste). Aquando da chegada dos elementos policiais ao local o animal estava solto na via pública sem qualquer tipo de trela ou açaime e apresentava-se agressivo, impedindo toda e qualquer ação humana para o deter”, descreve o comando distrital da PSP.

“Foi contatada a médica veterinária da Câmara Municipal de Caldas da Rainha e um responsável municipal da Proteção Civil. Por opção médica e de segurança não foi feito o recurso a dardo imobilizante/tranquilizante. Em conjunto optou-se por tentar colocar o animal numa jaula de segurança mas tal diligência resultou infrutífera. O animal continuava a deambular agressivamente pela via pública, reagindo ofensivamente a toda e qualquer tentativa de aproximação, colocando em risco a vida e integridade física das pessoas ali presentes”, esclarece a PSP.

De acordo com a polícia, “foram efetuados perímetros de segurança e foram informados os peões e moradores no sentido de não saírem de casa, e pelas razões expostas, em local seguro e sem perigo para terceiros foi utilizada arma de fogo, como último recurso para imobilizar o animal”.