Cantinho do
A aliança que se seguiu foi transformada em consórcio duplo, oferecendo-se a Infanta portuguesa D. Maria Bárbara de Bragança como esposa a D. Fernando, Príncipe das Astúrias. Criaram-se portanto condições excecionais para a construção da unidade peninsular. A troca de Princesas ocorreu em Caia, em 19 de janeiro de 1729.
Culturalmente, o reinado de Dom João V teve aspetos de bastante interesse. O barroco manifestou-se na arquitetura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. No campo filosófico, surgiu Luís António Verney, com o “Verdadeiro Método de Estudar” e, no campo literário, António José da Silva. Foi fundada a Real Academia Portuguesa de História e a ópera italiana foi introduzida em Portugal.
O nome do Rei está ligado ao Aqueduto das Águas Livres, que serviu para regular o abastecimento de água à cidade de Lisboa, proveniente de Belas. A sua construção teve início no ano de 1731 mas só mostraria a sua completa imagem no reinado de D. José I. Também foi da sua responsabilidade a construção do Real Convento de Mafra – Palácio Nacional de Mafra, tornando-se no mais importante monumento do barroco português, cujos projetos e direção da obra couberam a João Frederico Ludovic, ourives alemão, com formação em arquitetura em Itália. As obras tiveram o seu início no ano de 1717. A 22 de outubro de 1730, dia do 41º aniversário do Rei, procedeu-se à sagração da Basílica da Estrela.
Dom João V teve de sua mulher cinco filhos: Dona Maria Bárbara (1711 a 1758); D. Pedro (1712 a 1714); D. José I, futuro rei (1714 a 1777); D. Carlos (1716 a 1730); D. Pedro (1717 a 1786); e D. Alexandre (1723 a 1728).
Como anteriormente se refere, Dom João V foi um grande amante, tendo tido à sua conta só as que são conhecidas, sete amantes, excluindo as de ocasião quando pelo Reino se deslocava, tendo uma queda muito especial para as freiras, a recordar: D. Filipa de Noronha; Uma freira francesa, desconhecendo-se o seu nome; Madalena Máxima, freira em Odivelas; Paula da Silva, freira de Odivelas, a sua mais que tudo, de cujo relacionamento provêm os meninos de Palhavã; D. Luísa Clara de Portugal; Margarida do Monte e Petronilha Trabô Basili.
Acerca destas relações do rei D. João V com as freiras do Convento de Odivelas, quem não conhece a expressão “Nem sempre galinha, nem sempre rainha”?
Ficou célebre o seu tórrido romance com Madre Paula, do mosteiro de S. Dinis em Odivelas, com quem teve vários filhos, os quais educou esmeradamente, tendo ficado conhecidos por “Meninos de Palhavã”, porque residiam em Palhavã, no Palácio onde atualmente funciona a embaixada espanhola em Lisboa.
Sobre o seu espírito muito leviano, conta-se o seguinte episódio:
A rainha era austríaca e muito feia, ao contrário do rei que era bem apessoado, talvez por isso o rei procurava outras companhias mais agradáveis.
A rainha, sentindo-se rejeitada, ter-se-á queixado ao padre seu confessor.
Um dia o padre chamou o rei à razão, então o rei ordenou ao cozinheiro que a partir desse dia, o padre passaria a comer todos os dias galinha.
Nos primeiros, dias o padre até ficou satisfeito e deliciado com o menu.
Mas, passados três meses, o homem andava agoniado e magro que nem um caniço, indo queixar-se ao rei, que o cozinheiro só lhe dava galinha.
Foi quando o rei com ar de malícia lhe disse: Pois é, senhor padre! “Nem sempre galinha, nem sempre rainha”!
Dom João V faleceu a 31 de julho de 1750, sendo sepultado no Panteão Nacional, na cidade de Lisboa.
Foi o reinado mais rico em toda a história portuguesa no que diz respeito à emissão de moedas, pois foram cunhadas imensas moedas de ouro proveniente do Brasil, tanto da Baía como do Rio de Janeiro. As moedas em ouro cunhadas neste reinado foram as seguintes: “Português”, “Quatro Moedas”, “Duas Moedas”, “Moeda”, “1/2 Moeda”, “Quartinho”, “Cruzado”, “Dobrão de 5 moedas”, “1/2 Dobrão”, “Dobra de 24 escudos”, “Dobra de 16 escudos”, “Dobra – de 2 peças e de 8 escudos”, “Dobra”, “Peça” “1/2 Peça”, “Escudo”, “1/2 Escudo” e “Cruzadinho”. Moedas de prata denominadas “”Cruzado Novo”, “12 Vinténs”, “6 Vinténs”, “3 Vinténs”, “Tostão”, “1/2 Tostão” e “Vintém”. Moedas em cobre denominadas “X Reis”, “V Reis”, “3 Reis”, “III Reis” e “Real e meio”. Todas estas espécies foram fabricadas com diversos diâmetros, pesos e imagens, sendo cunhadas nas oficinas de Lisboa, Porto, Rio de Janeiro, Baía e Minas Gerais.
Fontes: História de Portugal – Dom João V; I.N.C.M.; coleção particular do autor
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