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“O trator é um veículo de perigosidade alta”

Sobreiro Duarte, presidente da Associação Nacional de Formadores de Segurança Rodoviária

Francisco Gomes

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Sobreiro Duarte, presidente da Associação Nacional de Formadores de Segurança Rodoviária, com sede nas Caldas da Rainha, fala dos objetivos a atingir com o Dia do Tratorista, nesta quarta-feira, 11 de novembro, na Expoeste. JORNAL DAS CALDAS: Como é que surge este evento? Sobreiro Duarte: Tem a ver com o número de acidentes com tratores agrícolas no dia a dia. Lançámos a ideia de um Dia do Tratorista, trazendo algumas experiências que possam ser marcantes para os participantes, com componentes teóricas em sala, e componentes práticas, nomeadamente o capotamento de um trator, que vai ter o seu impato, e um simulacro com a colaboração dos bombeiros voluntários das Caldas da Rainha. Procura-se fazer uma sensibilização para a utilização destes veículos e diminuir a sinistralidade e o número de óbitos.
O evento pretende sensibilizar os condutores de tratores agrícolas para terem certos cuidados, explica Sobreiro Duarte

JC: Nunca se fez nada do género?

SD: Que nós tenhamos conhecimento não, e para não ser uma coisa isolada e pontual lançámos a ideia de ser o primeiro Dia do Tratorista, envolvendo diversas entidades para além da Associação Nacional de Formadores de Segurança Rodoviária, como a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, a Autoridade para as Condições do Trabalho, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Bombeiros, Proteção Civil e GNR.

JC: Porque é que existem tantos acidentes com tratores?

SD: Há a sensação que só acontece aos outros. As pessoas dizem que já andam há muitos anos de trator e que nada lhes aconteceu, mas há muitos acidentes. O trator é um veículo de perigosidade alta por ter um peso muito grande e estabilidade reduzida, e como tem muito peso, às vezes em terrenos que vão cedendo existe capotamento, e normalmente traz a mortalidade do seu utilizador. Se formos ver, a perigosidade é muito alta e 70% dos acidentes que existem são mortais.

JC: Há formas de evitar?

SD: Temos a ambição de a nível nacional chegarmos a estas pessoas e minimizarmos as situações. Em primeiro lugar há a habilitação: Um indivíduo que tem a carta de ligeiros está habilitado a conduzir um trator agrícola sem ter noção exata disso. Pensamos claramente que a habilitação legal tem de ter alguma ponderação. O condutor deveria ter um valor acrescentado em termos de condução, com a prática de trator em terrenos com condições adversas e não na via pública.

Por outro lado, há o chamado “arco de santo António”, que permite ao condutor, quando existe um capotamento, não fiar virado mais de 90 graus. Isto está legislado, no entanto, por comodidade, os condutores baixam esse “arco”.

O cinto de segurança é fundamental, porque quando existe a projeção do indivíduo no capotamento, o trator pode esmagá-lo. O cinto de segurança e o “arco de Santo António”, juntos, podem minimizar as consequências.

Temos de melhorar substancialmente os cuidados que o condutor tem de ter em terrenos adversos e em inclinações, e para perceber a dinâmica que o trator tem e o peso que é transferido. Daí que vá ser montada uma pista de todo-o-terreno da Promóbidos no evento, que não vai ser utlizada por tratores agrícolas porque não está preparada, mas por veículos 4×4, para sensibilizar para os cuidados que são semelhantes ao todo-o-terreno.

Francisco Gomes

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