Foi uma organização da ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa, que realiza anualmente em novembro um encontro que visa incentivar nos jovens o gosto pelo jornalismo e comunicação sobre ambiente.
Uma vez que este concelho tem vários temas para investigação na área do ambiente e como há vários jovens repórteres das Caldas, a organização criou sinergias locais e decidiu trazer o seminário 2015 para as Caldas da Rainha com o apoio da Câmara Municipal e Agrupamento de Escolas D. João II.
O encontro iniciou no sábado de manhã com a sessão de abertura, onde o vereador responsável pelo pelouro da educação destacou a iniciativa como um importante veículo de divulgação do concelho. “Vão sair daqui reportagens escritas com fotografia ou vídeo acerca de diversos pontos fortes relacionados com o ambiente e a sustentabilidade do nosso concelho o que é muito bom para a promoção da região”, disse Alberto Pereira.
A professoraMaria Alexandre Rebola, da EscolaBásica 2,3 D. João II,uma das dinamizadoras deste evento, considerou a iniciativa importante para a “consciencialização dos jovens para o ambiente”.
O trabalho dos JRA iniciou com a intervenção de Hugo Oliveira, vice presidente da Câmara das Caldas, que fez uma breve caracterizaçãodo concelho.
Margarida Gomes, coordenadora nacional dos JRA, fez um balanço positivo da iniciativa, não só pela questão ambiental mas como uma fonte de divulgação da região, revelando que “muitos dos jovens e professores, nomeadamente os oriundos da ilha da Madeira, não conheciam as Caldas da Rainha”.
Neste encontro foram também entregues os prémios das melhores reportagens 2015 e anunciadas as atividades previstas para este ano, das quais se destaca a Missão JRA no Rock in Rio 2016.
Falta de manutenção no Parque D. Carlos I
Da parte da tarde os jovens, com idades entre 13 e 21 anos, dividiram-se em quatro grupos e foram para o terreno conhecer e investigar acerca de diversos pontos fortes relacionados com o ambiente e a sustentabilidade no concelho das Caldas da Rainha. Os docentes fizeram uma visita ao Hospital Termal das Caldas – o mais antigo do mundo.
No domingo cada grupo apresentou a sua reportagem. “Um tesouro de biodiversidade”, foi o título dado ao trabalho realizado no “Paul de Tornada”. Aqui os jovens divulgaram algumas das ameaças, revelando que salta à vista, e em consequência das condições climáticas do verão este ano, “um período de seca, fazendo com que o nível da água não subisse. Contudo, espera-se que este volte a aumentar com as chuvas de inverno”.
Disseram ainda que “junto das valas do paul ainda se observam alguns vestígios por parte do homem, no entanto, este local tem sido alvo de campanhas de limpeza que ainda não surtiram os resultados pretendidos, devido à ausência de meios tecnológicos e humanos”.
Terminaram a reportagem revelando que “apesar do desconhecimento generalizado por parte da população da importância deste local, o paul apresenta as características ideais de uma reserva natural, que merecem o reconhecimento e a sua valorização, pois trata-se de um local que alia a conservação da natureza ao prazer de poder estar em contacto com a vida selvagem”.
“Um património a preservar”, é o título da reportagem sobre a Lagoa de Óbidos onde o grupo de jovens revela que “as principais ameaças à conservação da lagoa são o assoreamento, provocado pela intervenção humana e a poluição da água e dos sedimentos, causada essencialmente pela agricultura e suinicultura das áreas envolventes”.
Falaram do canal que foi recentemente construído, onde são conduzidos os efluentes provenientes das ETAR’s da região que são descarregados a duas milhas da costa, evitando, assim, a descarga direta na lagoa.
“Sem intervenção humana, a lagoa transformar-se-ia num pântano, contudo, esta ação acelera o assoreamento. Numa tentativa de contrariar este processo são realizadas dragagens, que têm como objetivo, aumentar a vida neste meio aquático”, relataram os jovens no final do texto.
Quanto ao trabalho de investigação do Parque D. Carlos I e da Mata, os JRA revelam na sua reportagem que é notório “a falta de manutenção desde a degradação de um dos pavilhões anexo ao hospital, aos relvados em mau estado, às sarjetas partidas, aos caminhos mal traçados, e à inexistente identificação dos diversos tipos de vegetação, entre outros”. Alegam que o parque “é utilizado por muitas pessoas para atividades culturais e de lazer, tendo alguma procura turística. Contudo, várias pessoas optam por não o visitar, dado que a sua vasta área e alguma falta de iluminação criam a sensação de insegurança”.
Referem ainda que “as pessoas continuam a não ter acesso a informação sobre o parque, não valorizando as espécies existentes, acabando por não se sentirem motivadas a visitá-lo. Com as melhorias dos aspetos referidos é previsível um aumento de turistas e com isso o desenvolvimento económico da região”.
Na reportagem intitulada “Qual o futuro dos ex-líbris das Caldas da Rainha?” terminam desafiando os decisores políticos a tomar “ações face à desconsideração de uma importante parte do património português, pois se nada for feito muitas espécies acabarão por se perder”.
“Se gosta de animais, porque não um dinossauro em casa?!”, foi o título dado ao trabalho relacionado com a Serra do Bouro. Os alunos focaram a sua reportagem na Sociedade de Historia Natural (SHN) que enceta esforços na Serra do Bouro, para a preservação dos fossilizados e sensibilização da população. Bruno Camilo Silva, paleontólogo e presidente da SHN, salientou que estão a decorrer novas investigações na Serra do Bouro. “Com o tipo de rochas e fósseis encontrados na Serra do Bouro, pode-se deduzir que o clima nesta zona seria tropical ou subtropical aquando do período Jurássico Superior”, referiu. Os alunos concluíram esta reportagem destacando a necessidade de “sensibilizar as gerações correntes e futuras, quanto à importância deste património, reduzindo situações de usurpação de fósseis para fins domésticos”.
Marlene Sousa
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