Num ambiente informal e de convívio, Ana Cristina Pinto, natural do Cadaval e residente nas Caldas da Rainha, autora do livro “A Guardiã – O Livro de Jade do Céu”, lançado em maio deste ano, falou sobre o seu livro, sendo “um romance onde exploro temas como a vida para além da morte, a reencarnação e a imortalidade da alma. Contudo, a ciência, que tem um papel determinante na busca por provas (se elas existirem) destas realidades também não foi esquecida”.
“É através da ciência que se abordam as possibilidades que circulam à volta do nascimento da matéria, do Universo, da Terra. Este livro não é apenas para místicos, esotéricos, espiritualistas”, referiu, sendo um romance onde existe um amor entre uma mulher e dois arcanjos se sobrepõe ao preconceito, aos dogmas, ao medo e sobretudo ao peso das descobertas.
A autora também revelou que esta tertúlia surgiu com o “objetivo de divulgar os autores e independentemente de sermos alguns autores de primeira viagem, nada diminui o valor das obras. Todos temos histórias para contar e todos queremos chamar a atenção do público”. Destacou também a situação da literatura em Portugal, em que as livrarias/editoras estão cheias de livros de autores estrangeiros e simplesmente “esquecem-se dos autores portugueses, o que é uma pena”.
“Nós temos nesta mesa autores muito bons, com histórias que valem a pena e que são um marco na literatura portuguesa”, salientou Cristina Pinto, acrescentando que as pessoas só compram aquilo que ”lhes aparece a frente dos olhos, sem procurar alternativas”.
Madalena Barreto Condado, autora da obra “Yggrasil, Profecia do Sangue”, também marcou presença na tertúlia, referindo que “escrever ficção e ser mulher em Portugal, não é algo bem aceite”. Acerca da obra “Yggrasil, Profecia do Sangue”, a autora disse que consiste num romance entre Portugal e Dublin, em que a personagem principal é uma jovem chamada Maria, que tem a possibilidade de ir estudar para o estrangeiro e escolhe ir para a Irlanda. Em Dublin, acaba por conhecer os MacCumhaill, onde se apaixona pelo filho mais velho. “Dividida entre o seu dever e o amor que sente pelo herdeiro do clã, irá descobrir que deve seguir o seu coração”, sublinhou Madalena Condado.
A obra relata uma história de amor, de imortalidade e de mistérios, em que “magia é uma certeza”. Assim sendo, a autora aproveitou a ocasião para alertar para a situação, que apesar de escrever ficção no género fantástico, este não é um dos géneros “mais apreciados pelas pessoas em Portugal”. Como tal, hoje em dia Madalena Condado afirma que “vendo mais para o Brasil do que em Portugal, o que é uma pena. Já lancei o livro há cinco meses e cá não noto grandes evoluções nas vendas”.
Para a autora do livro “Palavras Ousadas de Ju”, este é um mundo novo que começou por ser “um desabafo numa página no facebook, após um desgosto amoroso”.
Judite Carreira explora a força dos sentimentos, vividos à flor da pele, sem medos nem tabus. Foca-se no amor, na saudade, na traição, na amizade e no sexo, em versos ilustrados com fotografias sugestivas.
A obra contém, segundo Judite Carreira, “palavras e imagens ousadas” que ainda não são aceites pela sociedade. “As pessoas não aceitam e não aderem facilmente a este tipo de literatura, sendo uma pena pois gostava que aderissem mais”, adiantou.
“Entre o silêncio das pedras” foi outra das obras que marcou presença na tertúlia. Luís Ferreira, autor da obra, explicou que este foi o seu primeiro romance, que fala sobre “o lendário caminho de Santiago, que nos transmite uma lição de vida, uma mensagem de fé e um incitamento à descoberta do melhor que há em nós”. Após esta obra, no próximo sábado vai lançar “O diário do Xavier Lopes”, sendo um livro de autoajuda com 110 reflexões que ajudam a “desvendar o nosso interior“.
Luís Ferreira nasceu no Barreiro a 8 de maio de 1970. Atualmente vive em Alcochete. Publica em diversos sites ligados à escrita e às artes. Possui diversas obras editadas, assim como participou com a sua escrita em mais de vinte antologias.
Rui Calisto, ator e encenador com ligações familiares à região das Caldas da Rainha, onde teve uma livraria-editora, falou sobre o seu romance, intitulado “Espero por ti em Luanda”, que nos apresenta “um retrato impressivo e vivo dos últimos tempos da sociedade colonial e do vazio de poder que sucedeu ao derrube do Estado Novo”. Também alertou durante a conversa que a literatura em Portugal está um “caos”, pois “enquanto pensarmos no livro apenas como objeto de satisfação, vai continuar a perder o interesse. Mas se conseguimos ver o livro como cultura e arte, vamos conseguir transportá-lo para vários lugares”. Ainda lamentou o facto de as “pessoas perderem o hábito de ir às livrarias e de comprarem apenas livros por serem anunciados nos media, nomeadamente de personalidades”.
“Gosto muito de escrever, pois escrever para mim é como ler. É uma distração semelhante”, sublinhou Paulo Caiado, outro dos autores que marcou presença, na conversa. Segundo o autor do livro “Um mundo meu”, a obra é um romance (ficção) baseado em histórias verdadeiras. “Tentei tirar pedaços de verdade das minhas vivências e da vida e relacionamentos de outras pessoas”, apontou.
Paulo Caiado lembrou que o livro surgiu por sugestão de um responsável da Marcador Editora, que conheceu os textos que editava com regularidade na página do facebook. Disse-lhe que se ele escrevesse um romance da mesma forma como escreveu aqueles textos, com os mesmos afetos e a mesma envolvência, publicar-lhe-ia um romance. “Ele disse-me que havia poucos homens a escrever sobre os assuntos que eu escrevo e queria uma obra com a perspetiva masculina”, explicou o autor, que abraçou o projeto com muito empenho. Este livro passa-se durante o verão de 2011, e fala de quatro amigos e quatro amigas e da amizade pura que se desenvolve entre eles. São de certa forma o estereótipo das relações dos homens da minha idade”, apontou o autor.
O caldense diz que não desenvolveu muito as personagens femininas, a pedido da editora, que lhe pediu para desenrolar mais o universo das figuras masculinas. Dependendo do êxito, o autor gostava de escrever um segundo livro, dando continuação à história com o objetivo “de saber o que se passou com as mulheres de “Um Momento Meu”. O livro “toca as pessoas, o que é gratificante”, manifestou.
“Todos nós temos histórias para contar e colocamos grande parte de nós nelas e isso sim é literatura, colocarmos uma parte de nós no papel através da escrita”, esclareceu.
Para o autor, o mundo editorial está “muito atrasado em relação aos outros mercados de consumo”. “As editoras consideram que uma boa distribuição chega, mas como é evidente não chega, tem que ser feito mais”, sublinhou.
Mariana Martinho
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