Através de excertos, a psicóloga explicou como existem momentos em que a doença se manifesta e faz com que o doente não consiga distinguir o real das alucinações. Ainda salientou a interação com os outros, o medo e a incompreensão relativamente à doença.
A importância dos afetos dos outros na saúde mental e o papel da família na compreensão são aspetos relevantes, para ajudar a pessoas a adaptarem-se à doença e viver com máxima qualidade de vida. Assim, segundo a responsável, “a família é uma peça fundamental para que o doente consiga viver, com as imagens distorcidas da realidade (alucinações visuais e auditivas)”.
Cerca de 25% dos adultos sofrem de alguma forma de doença mental. As perturbações psiquiátricas são a principal “causa de incapacidade e uma das principais doenças na sociedade ”. As palavras são de Cecília Neto, do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor, que num debate alertou para a necessidade de combater o “estigma e o preconceito”, que são “obstáculos que dificultam muitas vezes o acesso aos adequados cuidados de saúde e a atividades sociais fundamentais para a integração comunitária”.
“As pessoas hoje em dia não querem ser associadas a doenças, por causa dos rótulos. Por isso, muitas vezes as pessoas preferem estar caladas para não ir à psiquiatria ou tomar medicamentos”, adiantou, de forma a chamar atenção para o preconceito.
Segundo a responsável, o centro de educação especial dedica-se à “prestação de serviços que promovam a qualidade de vida de pessoas com incapacidades e das suas famílias, com vista ao desenvolvimento das condições de acesso aos seus direitos de cidadãos, através da igualdade de oportunidades”. Como tal, na instituição “procuramos trabalhar todas as vertentes dos doentes, de forma a que eles reconheçam os sintomas da doença”. No caso da família, as responsáveis trabalham para desconstruir todos aspetos que a doença envolve e não só, também procuram trabalhar com as entidades patronais e equipas de trabalho, para que as pessoas tenham “todas as informações e serviços que precisam”.
Igualmente alertou para iniciativas de forma a “combater o estigma e a exclusão social dessas pessoas, através de programas nacionais, que permitam modificar a atitude social e a melhorar a consciência pública acerca da natureza destas doenças”.
Cecília Neto aproveitou o debate para relembrar os trabalhos que o fórum sócio ocupacional desenvolve junto das pessoas com doenças mentais como as suas competências pessoais, relacionais, profissionais e de autonomia.
O principal objetivo deste serviço é a promoção da reabilitação psicossocial e da reinserção familiar e socioprofissional dos pacientes com problemas de saúde mental, tendo em vista o aumento da sua qualidade de vida. Funciona como estrutura integrada na comunidade, que contribui não só para um melhor ajuste social, como para uma melhor aceitação social da pessoa com doença mental, e consequente redução do estigma. As atividades desenvolvidas, de cariz ocupacional e de socialização, pretendem não só facilitar a autonomização e reintegração social dos clientes, como ainda apoiar e envolver as famílias neste processo.
A 10 de outubro festeja-se assim o Dia Mundial da Saúde Mental, estabelecido pela World Federation for Mental Health em 1992. O gabinete de psicologia da união de freguesias decidiu comemorar este dia de forma a alertar para o facto de “todos sermos responsáveis por assegurar em nós e nos outros a dignidade e qualidade de vida dos doentes de saúde mental”.
Mariana Martinho
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