Foi uma organização da Redemut em colaboração com Montepio Rainha D. Leonor, que é para Carlos Salgueiral “uma instituição de referência mutualista”. “O evento é uma forma de contribuir para a sensibilização para um gravíssimo problema que afeta 160 mil pessoas em Portugal”, adiantou este responsável, que defende “uma estrutura nacional organizada entre todas as instituições que prestam cuidados a pessoas com Alzheimer e demência”.
Como a pessoa com demência tem necessidade de apoios especiais dos familiares e cuidadores, foi assinado nesta conferência um protocolo entre a RedeMut e a Associação Alzheimer Portugal (AP) para a realização de ações de formação especificas na área dos cuidados com os doentes de Alzheimer.
Maria do Céu Mendes, diretora do Centro Distrital de Leiria da Segurança Social, referiu que “o aumento da esperança de vida e o envelhecimento da população provocou o aumento significativo do estado de demência”.
Alertou para o problema dos doentes que sofrem de Alzheimer, que “está a crescer”. Em Portugal estima-se que existam 160 mil pessoas com a doença, número que pode duplicar até 2030 e triplicar até 2050.
Revelou que no distrito de Leiria a parceria com o setor solidário reflete-se nos mais de “600 acordos de cooperação com 200 IPSS’s, abrangendo mais de 20 mil pessoas nesses acordos, e envolve anualmente uma comparticipação financeira à volta de 60 milhões de euros”.
É preciso apoio de alívio aos cuidadores de pessoas com demência
Maria Leonor Guimarães, vice-presidente da AP, revelou que tem havido um aumento exponencial dos casos de demência nas respostas sociais. Alegou que há uma desadequação dos equipamentos e insuficiência dos meios humanos em número e em qualificação. Existe também uma redução da capacidade económica das organizações e das famílias.
No seu entender, há uma grande dificuldade em ter pessoal qualificado. “É preciso formar, motivar e valorizar o pessoal e desenvolver sinergias para trabalhar em rede. Não estão a trabalhar numa fábrica de sapatos, estão a lidar com seres humanos que precisam de acompanhamento 24 horas por dia”, sublinhou.
Esta responsável vincou ainda a importância de haver respostas de apoio de alívio para os cuidadores. “A partir de certa altura o doente já não sofre porque está distante da realidade, mas é um desgaste muito grande para o cuidador que por vezes torna-se dramático”, referiu, acrescentando que é preciso providenciar para que os familiares tenham ajuda e acompanhamento psicológico”.
Esta responsável lamentou a insuficiência da comparticipação do Estado e desejou que no novo acordo de cooperação para os centros de dia “a tutela acorde para este problema”. “É urgente envolver os decisores políticos na resposta aos impactos da demência nas organizações”, afirmou, adiantando que “é um problema nacional e os políticos têm que encarar isto como uma prioridade”. Também manifestou o seu desagrado por, no seguimento da conferência, “já não esteja aqui um representante da Segurança Social, pois normalmente vêm às sessões de abertura e vão embora, não ouvindo o que era necessário que ouvissem”.
Leonor Guimarães quer sensibilizar o Estado para a “necessidade de haver comparticipações mais ajustadas aos custos” e defendeu que o Governo crie “um plano nacional para a demência que integre e valorize as iniciativas da Sociedade Civil”.
O presidente da direção do Montepio Rainha D. Leonor, José Luís Ferreira, destacou o tema da conferência, recordando que o Montepio tem a Clinica, a Casa de Saúde, o Lar e as Residências Assistidas e todos os indicadores da demência “estão a aumentar, com o avançar da idade dos idosos”. Defendeu o reconhecimento e valorização das pessoas que trabalham com “estes doentes”.
O presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, e o presidente da Assembleia Geral do Montepio Rainha D. Leonor, Carlos Santos, também estiveram presentes na sessão de abertura, sublinhando a importância destas sessões, que permitem a troca de experiências nesta área para melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem desta doença.
Marlene Sousa
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