Durante o último ano, na TV, nos jornais, nos autocarros na rua, apenas se falava em falências, insolvências famílias em desespero, alguém que vendeu o carro, que perdeu a casa para as finanças, alguém que se revoltou porque perdeu o filho para outro país distante. Alguém que tem que partir por estar no desemprego. Alguém a quem cortaram uma boa fatia de dinheiro no ordenado. Filas no centro de emprego, em frente ao posto médico. Famílias com fome, revolta, dor, desespero e sofrimento.
Por isso tudo tenho de pedir desculpa…e estava enganado, sou um louco com capacidade de inventar e acima de tudo de incutir falsos sentimentos nos outros. E sabem porquê? Porque tudo era mentira, tudo era apenas uma bela peça de teatro de Bertolt Brecht.
Somos um povo feliz, contente e que vive bem em prosperidade.
Não estou contra quem vota em quem ganha. Acho que as pessoas devem votar em quem acreditam. A Democracia é isto mesmo, direito em votar e não votar, e quando se vota faz-se em quem acreditamos ou projeto digno para o País.
Estou contra mim por não conseguir ver, que estou errado, que a verdade está ali na esquina e não a consigo ver. Por isso tenho de pedir desculpa pela minha ignorância e, por outro lado, ficar contente, mais uma vez, por a democracia através dos votos nas urnas terem eleito um governo, responsável, oriundo do passado, que no meu imaginário era o papão, que não foi culpado pelas falências nem pelos despedimentos inopinados, nem deturpou e retirou todos os direitos dos trabalhadores conquistados durante estes 40 anos, nem aumentou as taxas moderadoras na saúde, nem beneficiou as PPP’s (Parcerias Público Privadas), nem retirou os direitos aos militares das Forças Armadas, com a anuência das chefias que em surdina sacodem a água do capote só falando quando passam à reforma/reserva, nem aumentaram o IVA, nem o IRS, criando a maior carga fiscal jamais existente em Portugal. Tudo se passou no meu imaginário por isso as minhas desculpas.
Vivemos em democracia, ainda bem.
Mário Cavaco
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