O especialista também referiu algumas das “barreiras que se colocam aos utilizadores dos transportes públicos”, como a falta de informação, as tarifas serem mais caras e a falta de wi-fi gratuito, aspetos que provocam o “desinteresse para quem quer utilizar os transportes da rede urbana”.
Durante a intervenção também destacou conceitos como a partilha de transporte, como sucede em alguns países, o teletrabalho como forma de fugir às horas de maior afluência nas grandes cidades e os circuitos pedonais e utilização de bicicleta. Segundo Robert Stussi, existe um estudo que indica que os circuitos pedonais e a bicicleta representam 50% das formas de deslocação nas cidades de média dimensão europeias.
Jorge Gorito, representante do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, foi outro dos oradores da conferência. Afirmou que as cidades na sua construção criaram barreiras e dedicaram mais espaço aos automóveis do que aos espaços públicos. Sendo uma “arrogância do espaço, pois dedicamos mais espaços ao tráfego automóvel do que aos peões, que querem circulação a pé ou de bicicleta”.
“Há pouco espaço destinado ao peão e ao ciclista, como tal devemos pensar na infraestrutura do peão como temos pensado na infraestrutura para o automóvel”, afirmou o representante, acrescentando que à medida que “aumentamos a circulação automóvel em determinado arruamento, vão-se perdendo as relações entre pessoas”.
A utilização muito mais equitativa de cada um dos meios de locomoção tem sido o caminho traçado um pouco por todo o lado, nos planos de regeneração das cidades, com uma relação que tem privilegiado a socialização dos habitantes. Também defendeu que a utilização do automóvel é cada vez mais um erro, pois tem de ser “doseada face ao espaço disponível”.
Segundo Jorge Gorito, as cidades têm de “reutilizar os espaços e conceder mais áreas a outros usos que não só o automóvel”, através de uma dinâmica entre atividade económica e a socialização entre os peões. Também defendeu a ideia de integração dos transportes, interligando a utilização da bicicleta com os transportes públicos.
A utilização dos transportes complementares tem efeitos energéticos, com a diminuição de emissões de gases e de níveis de ruído e ainda tem benefícios para a saúde dos utentes. Assim, o objetivo é “criar cidades mais felizes, com melhores condições para quem anda a pé“.
O gerente da Rodoviária do Oeste, Orlando Ferreira, também falou sobre os transportes públicos no futuro, em relação à tecnologia e à organização. Disse que o futuro passa pela “integração a nível local de intermobilidade e sistemas de informação que vão possibilitar os utentes saber o tempo que falta para sair o próximo autocarro”.
Orlando Ferreira adiantou que no futuro o setor vai depender das autarquias, que deverão ter em conta não só o preço mas principalmente o serviço final ao utente. Em relação aos temas referenciados durante a sessão, o vice-presidente da Câmara, Hugo Oliveira, referiu que as obras de regeneração urbana possibilitaram um “novo paradigma à cidade e maiores equilíbrios entre as zonas pedonais e vias para automóveis”. Afirmou igualmente que a decisão de manter a gare no centro da cidade permite que quem venha visitar a cidade, fique no centro, junto do comércio e das acessibilidades.
O autarca referiu que no concurso para os parquímetros serão tidos em conta sistemas que possam indicar a informação online dos lugares de estacionamento disponíveis.
Mariana Martinho
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