Várias peripécias e momentos hilariantes marcaram esta iniciativa, que surgiu com a intenção de valorizar um dos maiores recursos da localidade, conhecida como a terra dos burros, dado o elevado número de animais que ali existiam e auxiliavam na agricultura e no transporte de pessoas e bens. Hoje é considerada “uma espécie em vias de extinção”, uma vez que os agricultores foram-se desfazendo deles quando compraram tratores.
Segundo Marco Figueira, da organização, o burro “era um animal muito útil há uns anos, mas com o evoluir dos tempos a máquina veio substituir o animal. Ainda assim dez participantes tinham burros locais e tivemos de contratar os outros”.
Em disputa estavam prémios pecuniários (cem euros para o primeiro lugar), entre outras ofertas, como vales em carne num talho. Uns em passo de corrida, outros quase de passeio, os concorrentes lá foram dando várias voltas em redor da capela de Ferrel, espaço transformado em burródromo. Aos participantes foram dadas regras expressas para não esforçarem demasiado os animais. Quem infringisse era desclassificado.
Ivan Ferreira, de 21 anos, de Ferrel, vencedor da corrida, relatou que “desde infância que corro pela tradição da terra”. “Foi uma semana de treino, nada de quedas, um coice de vez em quando e muita força da vontade”, gracejou.
Rui Martins, de 27 anos, da Lourinhã, participou pela quarta vez e ficou em terceiro lugar. “O que interessa é divertirmo-nos. Houve uma queda aparatosa mas está tudo bem, faz parte”, contou.
Joana Carmo, de 31 anos, de Alcobaça, tinha um burro e resolveu participar, chegando até à final. Comentou que “foi muito giro”. “É completamente diferente do que montar a cavalo, porque os burros são mais teimosos”, fez notar.
José João, de 56 anos, de Alenquer, concorre desde há 18 anos. “Há quedas, dores nas pernas mas gosto disto. Este ano o burro era mole, como o atleta”, brincou.
Francisco Gomes
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