Elsa Rebelo, ceramista e diretora Artística e Criativa na Fábrica Bordalo Pinheiro, em Caldas da Rainha, começou por agradecer aos presentes, referindo que esta exposição surgiu da “paixão pelos diálogos que tenho com as matérias-primas”.
A artista desde muito jovem, na fábrica dos seus pais, vivencia todo o processo de criação e produção da cerâmica e olaria.
João Reis e Armindo Reis são duas grandes referências para a autora, ”pelas suas formas de olaria, os gestos, os bailados das mãos, que proporcionam um diálogo muito interessante, sem esquecer o Ferreira da Silva que transmitiu-me o movimento e a liberdade, o conviver com as matérias de outra forma”. Também têm como grandes exemplos, Manuel Mafra e Rafael Bordalo Pinheiro, pela forma como desafiaram a técnica da cerâmica, através da curiosidade, experimentação e investigação.
Segundo a artista, o gosto pelo “brincar com as matérias e de mergulhar na cerâmica, faz-me esquecer tudo movimento à minha volta, sendo só eu e as minhas matérias que componho e ponho no forno. O meu trabalho no fundo é um conjunto de todas estas vivências e dinâmicas, que misturo com a minha vontade de experimentar”.
Elsa Rebelo também mencionou que nutre gosto pela mistura dos pigmentos, a cor, as texturas das superfícies, o fogo, a conjugação das matérias de uma forma livre, que é como “ uma linguagem própria e uma nova alma à cerâmica”.
A mostra apresenta um trabalho singular de toda uma herança artística e cultural, presente na autora em diálogo constante com as matérias-primas, compondo-as e expondo de uma forma livre as relações entre os materiais e pigmentos, atingindo a sua própria expressividade, em permanente evolução, sempre vivo, mesmo após o seu término.
A exposição encontra-se dividida por temas como Conexões, Eterno retorno, Maré baixa, Cumplicidade, Rio, Orla das Gramelas, Forma de expressão, Paisagem da matéria I e II, Aflorar I e II, À Votre Santé, Jardim Privado e Sementes.
Carlos Coutinho, diretor do Museu José Malhoa também interveio referindo que a obra de Elsa Rebelo é a “força das Heranças vividas e experiências, ao trabalhar as suas próprias individualidades, assente numa inquietude dinâmica evolutiva, recuperando a memória tradicional da olaria e da cerâmica, numa criação frenética contemporânea, objetos de arte, autênticas esculturas e pinturas”.
Igualmente, a vereadora Maria da Conceição afirmou que esta exposição à semelhança de muitas outras, que “tem decorrido neste espaço e noutros espaços da cidade, são extremamente significativas e importantes para a cerâmica, sendo uma forma de afirmação na cidade. Com o encerramento de várias unidades no município, verificamos uma carência na cerâmica, felizmente essa nuvem negra, está a desaparecer com a verificação de crescente interesse pela área”.
Após os discursos, a artista fez uma visita guiada pela exposição para explicar a finalidade das várias peças de cerâmica.
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