Segundo o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, “é uma via estruturante da cidade e sem um plano de mobilidade não estamos em condições de decidir o seu total encerramento porque implica desvio de viaturas e encaminhamento, mas estamos sensíveis ao uso pedonal da rua em momentos de maior intervenção comercial”.
Edgar Ximenes, do MVC, indicou que um estudo sobre a mobilidade na área central da cidade promovido pela Associação Comercial dos Concelhos de Caldas da Rainha (ACCCRO) que propõe várias medidas e que vai ser apreciado por uma comissão de deputados, está na base da decisão camarária de não fechar a rua ao trânsito geral.
“Segundo o estudo da ACCCRO, dos 230 comerciantes/associados que responderam ao inquérito, 90% querem os carros a passar pela Rua Heróis da Grande Guerra e 60% nem sequer admitem que pudesse ser fechada ao trânsito apenas em ocasiões especiais. Mas quantos dos 150.000 habitantes que a ACCCRO considera serem o seu “público-alvo” foram inquiridos? Ao contrário de se centrar na oferta devia ter sido feito na ótica da procura. Não seria muito mais útil para os nossos comerciantes saberem o querem os potenciais clientes?”, interrogou Edgar Ximenes.
O deputado comentou que “toda a recente “regeneração urbana” aponta para a devolução do coração da cidade aos peões tal como deve ser numa cidade que se quer moderna e evoluída. Afinal para que servem os parques de estacionamento do CCC e agora o da Praça 25 de abril onde recentemente se gastaram cerca de 4 milhões de euros, se os automobilistas são convidados a seguir em frente ignorando esses mesmos parques?”.
“As dificuldades por que passa o comércio local dependem muito mais de outros fatores como a existência de centros de atratividade ou o aumento do poder de compra, do que da passagem dos automóveis junto às lojas. Por isso, é lamentável que muitos dos nossos comerciantes, embora compreensivelmente desesperados com a crise, não consigam ver melhor solução do que pedir aos automobilistas para passarem por dentro do que dizem ser um “centro comercial a céu aberto”, sublinhou Edgar Ximenes.
O representante do MVC defendeu que “um verdadeiro estudo sobre mobilidade urbana deve ter como objetivo a procura de soluções para os graves problemas da circulação viária na cidade e não apenas o acesso ao comércio local”.
Os dois deputados do MVC acabaram por votar a favor da proposta de encerramento ao sábado, no período definido, esperando que “se cumpra a promessa de ser uma solução provisória até à elaboração do Plano de Mobilidade com data limite de 1 de junho de 2018”.
Vítor Fernandes, da CDU, também votou a favor, mas alertou que “quando foi feita a intervenção na rua foi claramente para fechar ao trânsito mas não se encontrou alternativa”. Rejeitou, no entanto, que se diga que as pessoas não fazem compras se fecharem a rua. “Mas pode-se estacionar na Rua Heróis da Grande Guerra? Não há três parques de estacionamento na envolvente?”, interrogou.
“Peço que rapidamente se elabore o plano de mobilidade urbana e se tragam propostas para encerrar ao trânsito”, manifestou o comunista.
O presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro, disse que a melhoria na rua tinha como pressuposto “passar o trânsito”. “Até levava pinos de um lado e do outro para balizar a via, que foram depois retirados. O piso da rua é para passarem carros”, referiu.
Manuel Nunes, do PS, apontou que “as obras de regeneração urbana que se fizeram não ajudaram a resolver o problema do trânsito, pelo que concordamos com a proposta da Câmara de encerramento no sábado de manhã e que rapidamente se façam os planos de mobilidade”.
Jaime Neto, do PS, sublinhou que “a mobilidade é um tema estruturante para o desenvolvimento das cidades e estamos muito atrasados nesta matéria”, sustentando que o estudo sobre a mobilidade deve ser desenvolvido com a máxima rapidez.
João Dinis, do CDS, reconheceu que o fecho ao trânsito não tem consenso dentro do seu partido. “Temos discutido muito internamente e as opiniões são divergentes, mas eu estou do lado de que a rua deve permanecer aberta”.
Para Tânia Galeão, do PSD, a rua é “um centro comercial a céu aberto, mas para atrair a população a essas compras deve ser acessível e ser transitável”. “Não queremos que aconteça como em Coimbra e Aveiro, que as pessoas não estão para parar o carro longe e ir a pé, e quando está frio e chove precisamos de muitas vezes parar o carro para deixar alguém fazer essas compras. É uma artéria principal da cidade e não temos ainda outra solução para transitar de forma célere no centro da cidade. Quando houve obras na Praça da Fruta, a própria Rua das Montras esteve muitas vezes deserta, porque as pessoas tinham de estacionar mais longe e não iam passear para o centro da cidade”.
António Cipriano, do PSD, declarou que “a decisão de fechar totalmente ao trânsito deve ser baseada com dados em cima da mesa e deve-se esperar pelo estudo de mobilidade”.
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