A sessão teve a participação das oradoras Raquel Varela, historiadora e investigadora do Instituto de História Contemporânea, e Maria do Rosário Gama, presidente da APRe.
Raquel Varela começou por abordar questões ligadas ao tema em discussão, afirmando que “não há nenhum problema de envelhecimento em Portugal da população e envelhecer é uma conquista civilizacional”.
As reformas dos pensionistas suportam-se num sistema contributivo de repartição de solidariedade entre gerações, e, segundo a historiadora, “não existe nenhuma legitimidade para haver cortes nas mesmas, existe sim na realidade um problema de relações laborais na nossa sociedade, que pode ou não pôr em causa a sustentabilidade da segurança social”.
“A segurança social depende do emprego e dos bons salários, e da produtividade, não depende da demografia de hoje, nem dependerá nas próximas décadas, assim como do desemprego, que é um dos problemas centrais para a sustentabilidade da mesma”, indicou a historiadora.
A investigadora também explicou que “ser velho não é um problema, ser velho e ter trabalhado a vida toda e ver filhos desempregados ou a emigrar ou com baixos salários, que não conseguem descontar para pagar as reformas de quem já descontou, isso sim, é um problema de uma gravidade enorme”. Salientou ainda que “ser velho, pobre, sozinho e viver num país que remunera títulos da dívida pública a 5% para salvar negócios falidos de uma minoria que vive à conta do estado é insustentável”.
“Nós não temos um problema de envelhecimento em Portugal, nós temos um problema de pobreza dos nossos idosos, e não é a família que tem de cuidar dos seus reformados. Por isso, tem de haver um estado social, salários e pensões dignas que façam com que as pessoas tenham autonomia e qualidade de vida”, afirmou.
Para concluir, Raquel Varela referiu que temos “um país destruído, e portanto, o estado é de emergência social, somos todos nós que estamos em causa porque destruir salários, pensões, mandar pessoas, emigrar e vender bens públicos é o mesmo que chegar à nossa casa e vender todo”.
Maria do Rosário Gama, presidente da APRe, também interveio na sessão, afirmando que a APRe! “está totalmente em desacordo” com alterações na Taxa Social Única (TSU), considerando que a TSU “é massa salarial ou salário diferido” e que “os dinheiros da segurança social são dos trabalhadores e dos que trabalharam e não dos Governos”.
Salientou igualmente que os governantes e os líderes podem ”não ser solidários, mas o povo anónimo é solidário e o Syriza terá o reconhecimento de todos os europeus sujeitos à austeridade da troika”. “Força Syriza, não cedas”, exclamou.
A presidente também alertou para algumas necessidades, como a existência de fóruns seniores, para que sejam analisados e discutidos diversos temas relacionados com o país e com os direitos dos aposentados pensionistas e reformados, a necessidade de existirem novas políticas que promovam o emprego e a melhor distribuição da riqueza e que os reformados votem em consciência, sem esquecer das políticas que os têm afetado.
“Juntos seremos mais fortes na defesa dos nossos direitos”, manifestou Maria do Rosário Gama.
Seguiu-se um período de debate entre o público sobre as intervenções dos oradores.
0 Comentários