Ana Gomes começou por relembrar a encíclica do Papa que procura chamar atenção das pessoas para a importância de respeitar a natureza, no entanto, afirmou que atualmente vivemos numa “fase de consumismo e de produção desenfreada de tudo, e sem prestar atenção aos recursos facultados pela natureza”.
A sensação tanto a nível europeu como a nível global, segundo Ana Gomes, “é que não aprendemos nada com a crise, e por isso, é bom que exista um líder religioso como o Papa que venha justamente chamar à atenção, que as escolhas que estamos a fazer, no nosso dia a dia e na nossa organização política, social, económica têm de respeitar o planeta, os recursos e as condições naturais”.
Durante a intervenção, a deputada destacou a crise na Grécia, referindo que também “é a nossa crise e da Europa”, mostrando-se convencida que a saída da Grécia do Euro “seria uma tragédia, não só para o povo grego, mas sobretudo para todos nós, não apenas no plano económico, mas também no plano político, seria o princípio do fim do euro e da própria construção europeia”.
Ana Gomes também explicou que a Grécia é um “exemplo de demonstração que as políticas autoritárias do FMI falharam e não produziram os resultados que se esperavam”.
“Um exemplo disso é o desemprego jovem, principalmente, no nosso país, que apresenta níveis como nunca antes vistos, tendo como consequência direta a emigração nestes últimos quatro anos. Hoje os jovens que saem do nosso país, a maior parte qualificados, são pessoas que a própria Europa ajudou a formar e que são obrigados a emigrar, e isso é algo devastador”, indicou.
Segundo a deputada, os gregos estão a fazer “um ajustamento brutal, e por isso, o sistema de pensões grego está totalmente devastado, pois é preciso fazer uma reformulação total no sistema e investir para que a sustentabilidade volte a crescer”.
“A situação é dramática e será uma desgraça, caso a Grécia saia do euro, por isso tem de se encontrar uma saída que permita reforçar o euro e não debilitá-lo mais”, adiantou.
Igualmente mencionou que não se trata de “um problema económico, mas sim político, que tem de ser resolvido pelos políticos com um sentido estratégico e um novo reconhecimento da dívida grega”.
Em relação a Portugal, a eurodeputada afirmou que o governo tem tido uma postura que a própria acha lamentável, sendo “um dos protagonistas das miras mais agressivas relativamente à Grécia”.
O governo português impôs, segundo a deputada, medidas “absolutamente brutas aos portugueses, que do ponto de vista social e político, aumentou o nível de pobreza dos cidadãos. Sem esquecer que vai haver mais um corte nos pensionistas, sendo algo contra o interesse do país e da Europa”.
“Eu não apoio quando dizem que estamos no bom caminho e que todos os sacrifícios que foram feitos tinham de ser enfrentados em prol do país”, explicou.
Para terminar, referiu que o que está a acontecer com à “Grécia faz toda a diferença e tem tudo a ver connosco, e por isso é uma derrota para a Europa caso a Grécia saía”.
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