O mestre Ferreira da Silva foi o protagonista do jantar temático que combinou a beleza das suas obras com a criatividade e sabor da gastronomia. A sua arte foi o mote para esta aventura gastronómica, que procurou ter em conta elementos como a forma, cor, textura, as emoções e sensações que aquelas obras produzem nas pessoas.
A sala onde a refeição foi servida foi decorada com peças do artista Ferreira da Silva cedidas pelo Cencal.
Ofélia, a personagem da obra Hamlet, de William Shakespeare, uma das grandes inspirações de Ferreira da Silva, foi também o mote para a ementa do jantar de homenagem.
A sopa de mariscos da Lagoa de Óbidos foi inspirada na peça que está exposta no átrio do CCC “Orgósmico IV”. Seguiu-se um colorido prato, a fazer jus a peixes utlizados em alguns trabalhos do artista, onde os jovens chefs combinaram peixe do rio frito com açorda de tomate.
Para prato de carne foi escolhido pato desfiado com laranjas e legumes do Oeste.
Segundo o chef Luís Tarenta, que coordenou este jantar temático, a obra do Mestre Ferreira da Silva “apareceu no final na sobremesa com uma taça de chocolate enfeitada e recheada” que espera que tenha feito justiça aos trabalhos do artista. Revelou ainda este jantar deu-lhe um especial prazer não só pela confeção mas pela ligação que tiveram com o artista”.
A formadora Mariana Rosa, que foi a coordenadora da organização e serviço do restaurante, disse que “a grande diferença que existiu aqui hoje foi a mise em place na forma como os talheres e toalhas foram colocados na mesa, inspirados também na obra de Ferreira da Silva”.
“Nós hoje comemos as obras do Mestre Ferreira da Silva”, disse o diretor da EHTO, destacando que a iniciativa pretendeu sobretudo “homenagear o setor da cerâmica das Caldas da Rainha e a obra específica do artista”.
Recordou que a organização do jantar temático foi bastante dinâmica, uma vez que Ferreira da Silva primeiro foi à escola e falou com os alunos sobre o seu trabalho e os motivos de inspiração para a criação das suas obras. Depois, os alunos, e formadores participaram num percurso pedonal pela cidade das Caldas da Rainha visitando os principais pontos da cidade onde está exposta a obra do artista, que terminou no CCC com a visualização do documentário produzido por Miguel Costa sobre a vida de Ferreira da Silva. Depois os alunos deram largas à imaginação sob a coordenação do chef Luís Tarenta e criaram uma ementa que agradou e foi bastante aplaudida pelos comensais.
Para Daniel Pinto esta ligação da escola com a arte enriquece a cultura geral dos alunos, que “além das técnicas de saber servir e confecionar, aprendem sobre a cultura da sua região”.
Rota Ferreira da Silva
Este jantar temático contou com a presença de vários autarcas das Caldas, do diretor da ESAD.CR, do Cencal e do CCC, e amigos de Ferreira da Silva.
A deputada e vereadora da cultura da Câmara das Caldas destacou a obra do mestre, sublinhando que nos tempos contemporâneos considera que este artista a nível das Caldas é “o expoente máximo por aquilo que introduziu”. Falou da tendência de Ferreira da Silva para a produção de peças cada vez maiores e de serem apresentadas em espaços públicos. Revelou que a autarquia sempre considerou que era importante que Caldas da Rainha ficasse com a marca Ferreira da Silva, criando um percurso na cidade pelas obras do mestre.
Maria da Conceição elogiou o trabalho do diretor da EHTO, Daniel Pinto, que tem “criado uma dinâmica aos alunos, que também têm dado provas do seu empenho e vontade”.
O vice-presidente da Câmara das Caldas, Hugo Oliveira, disse que apesar de Ferreira da Silva ter nascido no Porto, foi em 1954 que nasceu “o seu amor pelas Caldas”.
Revelou que a rota Mestre Ferreira da Silva está quase a ser lançada e que foi um trabalho feito com a TV Caldas, passando por todos os trabalhos do mestre em espaços públicos da cidade.
Elogiou os pratos que foram servidos e inspirados na obra de Ferreira da Silva, que “também foram feitos por artistas da cozinha que transformaram a arte em gastronomia com resultados magníficos”.
No final, Ferreira da Silva não podia estar mais satisfeito. “Foi tão especial que tenho dificuldade em dizer as palavras certas”, afirmou, destacando que o trabalho dos alunos honrou a sua arte. Quanto à criação de uma rota dedicada à sua obra é algo que o deixa“muito grato, pois é mesmo muito importante para qualquer autor”, sublinhou. Vital para este artista, mestre no trabalho com vários materiais, é poder continuar a trabalhar, até porque“a minha paixão é execução das obras”.
Marlene Sousa
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