É que no ano passado a grande diferença nas atividades de socorro no concelho teve a ver com o número de ocorrências de incêndios florestais, que aumentou de 70 para 100, traduzindo-se em cerca de 40 hectares de área ardida, comparativamente com os sete hectares do ano de 2013.
“Devo confessar que esta situação nos preocupou bastante, uma vez que houve momentos em que se registaram seis ocorrências distintas de incêndios florestais no concelho, num curto espaço de duas horas. É claro que, à semelhança do que se passa a nível nacional, estamos muito hesitantes no que respeita ao verão deste ano, tendo em conta que o primeiro pilar da defesa da floresta contra incêndios, que tem a ver com a prevenção, não está a ser acautelado e, como todos podemos ver, na semana passada, em plena primavera registou-se [a nível nacional] um elevado número de ignições, oito dias seguidos com mais de cem ignições por dia, em que alguns desses incêndios tiveram dimensões elevadas. Dá que pensar no que poderá vir aí”, desabafou Carlos Silva, comandante dos bombeiros de Óbidos.
Contudo, os soldados da paz obidenses, face à situação registada, têm vindo a preparar-se, “investindo na formação e na instrução”. A corporação começou um novo curso de instrução inicial de bombeiros, com onze novos estagiários, curso este com caraterísticas diferenciadas dos anteriores. O mesmo está a decorrer conjuntamente com os corpos de bombeiros do Bombarral, Caldas da Rainha, Cadaval e Peniche.
“Será um projeto pioneiro que dará, certamente, bons frutos e que virá a ser um exemplo a seguir por todo o País”, sublinhou Carlos Silva, que agradeceu ainda às corporações vizinhas que “ao longo destes últimos anos prontamente têm disponibilizado recursos humanos e materiais para dar resposta ao socorro no concelho de Óbidos.
Sublinhou ainda o esforço financeiro realizado pela direção da associação humanitária e o apoio dado pela Câmara Municipal de Óbidos, indicando que no último ano “conseguimos equipar os novos bombeiros com fardamento e com equipamento de proteção individual e continuamos com obras de requalificação do quartel. Para além disso, foi continuada a renovação da frota de ambulâncias”.
Sérgio Gomes, comandante distrital das operações de socorro, realçou o empenho dos bombeiros obidenses no dispositivo distrital de combate aos fogos florestais em 2014 e fez notar que “60% da área ardida foi no concelho de Óbidos”.
“É importante sensibilizar e reunir com todos aqueles que estão mais próximos das populações para evitar o flagelo dos fogos florestais”, defendeu.
Humberto Marques, presidente da Câmara de Óbidos, declarou que “sei que não sou acompanhado por muitos autarcas quando se fala em investimento nos bombeiros, mas o autarca que procura o desenvolvimento do território e que procura chamar novas empresas e residentes, não pode centrar a sua estratégia sem segurança”.
Adiantando que “nem vale a pena aludir aos cortes financeiros do país”, assegurou que “nunca tive a dúvida ou tentação de fazer cortes” ao apoio aos bombeiros, que é de 261 mil euros por ano.
Em relação aos fogos florestais, disse ter entendido a mensagem de Sérgio Gomes, mas sustentou que é importante saber porque é que o concelho de Óbidos foi tão fustigado no ano passado, nomeadamente porque é que houve reincidências no Vau. “Não foi falta de intervenção dos bombeiros”, garantiu.
Rui Vargas, presidente da associação humanitária dos bombeiros de Óbidos, começou por pedir uma salva de palmas “pela entrega, dedicação e empenho” dos bombeiros, fazendo notar que há muito trabalho que não é visível 24 horas por dia.
“Em 2014, mais de 60% do trabalho feito em Óbidos foi voluntariado. Profissionais e voluntários só na prestação do serviço de socorro fizeram mais de 390 mil quilómetros e transportámos mais de 5200 doentes”, referiu.
Destacou ainda o rigor financeiro da associação e reconheceu o apoio dado pela Câmara e juntas de freguesia.
“Mais de 50% dos apoios financeiros fixos vêm da Câmara Municipal”, vincou.
Luís Salles, presidente da assembleia geral da associação humanitária, agradeceu às entidades e às famílias dos bombeiros pelo apoio prestado, enquanto que Mário Cerol, representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, elogiou os soldados da paz obidenses: “É um corpo de bombeiros de excelência”.
Promoções e condecorações
Nesta cerimónia, que teve lugar na Praça de Santa Maria, com o objetivo de aproximar a comunidade obidense dos bombeiros, realizou-se uma sessão de promoções e procedeu-se à entrega de condecorações.
Foram promovidos a bombeiros de terceira os estagiários que concluíram o Curso de Instrução Inicial: Louis Azevedo, Ivo Marcos, Márcio Pisoeiro, Patrícia Santos, Rafael Mendonça, Luís Rebelo, Pedro Oliveira, Ruben Malaquias, Paula Ribeiro e Daniela Sousa.
Os bombeiros de terceira foram promovidos à segunda categoria. É o caso de Fábio Antunes, Hélio Rosa, Eddy Dias, David Santos, Victor Felizardo, Liliana Gomes e João Delgado.
A bombeiros de primeira foram promovidos Álvaro Almeida, Pedro Oliveira e Adelino Lopes.
Álvaro Ribeiro, Gonçalo Almeida e António Ferreira, que eram bombeiros de primeira, foram promovidos a subchefes.
Foram distinguidos com a Medalha de Assiduidade Grau Cobre, por cinco anos de bons e efetivos serviços, os seguintes bombeiros de terceira: José Antunes, Artem Dotsenko, Vítor Martinho, Pedro Ramalhete, Joana Duarte, Fábio Pinto e Fernando Oliveira.
A Medalha de Assiduidade Grau Prata, por dez anos de serviço, foi entregue aos bombeiros de segunda Álvaro Almeida, Bruno Grazina e João Plácido, e o bombeiro de terceira Fábio Antunes.
Distinguidos com a Medalha de Assiduidade Grau Ouro, por quinze anos de serviço, o bombeiro de segunda Raquel Soares e o bombeiro de terceira André Miguel.
Com a Medalha de Assiduidade Grau Ouro, por vinte anos de serviço, foi galardoado o bombeiro de primeira Gonçalo Almeida.
Também com a Medalha de Assiduidade Grau Ouro, mas por vinte e cinco anos de serviço, foram distinguidos os chefes Vítor Mendonça e Carlos Jorge, e o subchefe Sérgio Mendonça.
A fechar foi entregue um prémio que valoriza e reconhece formalmente a dedicação, empenho, espirito de sacrifício, disponibilidade e ambição pela causa: o premio “Bombeiro do Ano”. A eleição foi feita no universo dos elementos que pertencem ao corpo de bombeiros, distinguindo quem mais se evidenciou ao longo do ano de 2014 em diversas valências. Esta eleição teve lugar em reunião do corpo ativo, sendo entregue um troféu, que durante um ano irá permanecer na posse do elemento distinguido. Dois bombeiros ocuparam o terceiro lugar, com 5% dos votos cada – o subchefe Carlos Antunes e o bombeiro de primeira Pedro Oliveira. Em segundo lugar com 6% dos votos ficou o subchefe Álvaro Ribeiro. Em primeiro lugar, com 13% dos votos, o troféu foi atribuído ao bombeiro de primeira Emídio Eusébio.
No final da cerimónia, realizou-se um desfile apeado para fora do castelo e no exterior circularam os 27 veículos ao serviço dos bombeiros, entre os quais três reboques, um barco e duas motoquatro. Participaram 80 bombeiros da corporação – a quase totalidade – mais os estagiários que ingressaram.
Francisco Gomes
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