Os alunos de duas escolas profissionais, a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) e a Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO), juntaram os seus saberes – gastronomia e fotografia – e o resultado foi o livro “Sabores do mundo – viagens sensoriais”, apresentado no passado dia 13, na livraria do Mercado Biológico, em Óbidos.
A sessão de apresentação, organizada pelo JORNAL DAS CALDAS, aconteceu num ambiente informal e de convívio, acompanhado por uma degustação com base em alguns dos países representados no livro. Os participantes puderam viajar ao japão com a prova de sushi, à Índia com a degustação das famosas chamuças. Também foi dado a provar um prato bem português, o bacalhau com pimentos e cebola. O beberete foi servido com vinho biológico e Lassi, uma bebida indiana à base de iogurte e especiarias, que também está no “Sabores do mundo – viagens sensoriais”. No final, um bolo de chocolate cativou os participantes.
“A comunicação social deu um contributo para o sucesso deste livro reportando as ementas e trabalhos culinários realizados no restaurante de aplicação da EHTO no ano letivo de 2013/14 por alunos e professores”, disse Francisco Gomes, chefe de redação do JORNAL DAS CALDAS, que fez a abertura do evento e que indicou que no interior do livro poderão ser vistas algumas das reportagens que foram feitas.
O jornalista destacou as apresentações dos livros a que o JORNAL DAS CALDAS se tem associado, revelando que encontrou um blogue que falava especificamente sobre o “Sabores do mundo – viagens sensoriais” e que dizia que “é um livro que nos leva a viajar pelo mundo através de receitas, não o aconselhando a ler a quem tenha fome, porque vão ter vontade de ir para a cozinha fazer alguns dos pratos que fazem crescer água na boca”.
Importância da agricultura biológica
Para o diretor da EHTO, Daniel Pinto, foi uma emoção grande a apresentação do livro estar a decorrer em Óbidos, porque foi ali que “há sensivelmente dez anos começava este percurso da EHTO”. Segundo o diretor, no espaço da atual livraria do Mercado Biológico funcionou “o primeiro refeitório da escola”.
O diretor falou da importância da agricultura biológica e a sua ligação aos alunos da área da restauração, cozinha e pastelaria porque é um “mote de produção que nós queremos valorizar”.
De acordo com Daniel Pinto, a obra remete-nos para um universo de viagens sensoriais, porque “viajamos através dos sabores e aromas”. Destacou o facto do livro ter sido criado por duas escolas profissionais locais. A obra envolveu os alunos do terceiro ano de técnicas de serviço de restauração e bebidas e de cozinha e pastelaria da EHTO e os alunos do segundo ano de fotografia da ETEO, num total de 60 jovens.
“Ttratou-se de um trabalho árduo mas também muito gratificante pois foi desenvolvido em contexto de formação e que, no fundo, reflete o que os alunos fazem nas suas aulas práticas. Foi tudo feito com prata da casa, com o saber de professores e alunos”, disse Daniel Pinto, acrescentando que contaram também com o envolvimento de diversos parceiros, inclusive embaixadas a quem pediram ajuda para reunir os adereços adequados.
Para o formador do curso de “Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas”, Jorge Guilherme, que colaborou no livro, este projeto “faz todo o sentido porque os alunos acabam por ter nele um motivo de procura de conhecimento e de saberes novos como a pesquisa do que de melhor se bebe por esse mundo fora”.
O chefe Luís Tarenta sublinhou que para os alunos foi uma experiência muito boa. “Deu-nos muito trabalho, foi um percurso de muito estudo e pesquisa das iguarias internacionais. Não é um livro de receitas mas uma obra para nos incentivar a pesquisar mais a gastronomia de cada país representado”, referiu.
Este livro também contou com a colaboração dos professores Miguel Costa, ao nível da fotografia, e Pedro Marques, que foi o responsável pela parte gráfica. Ambos deram nota do bom entendimento entre as duas escolas. As fotografias foram todas tiradas em estúdio com os cenários feitos pelos alunos da ETEO. Os modelos utlizados nas imagens também são estudantes e funcionários de ambas as escolas.
Segundo Miguel Costa, “para a realização das fotografias patentes neste livro os alunos tiveram que construir todo o cenário para ter uma função estética além de fotografarem os empratamentos”. Para Pedro Marques foi um grande desafio mas “valeu a pena porque foi um trabalho que ficou muito bom”.
A diretora da ETEO, Filomena Rodrigues, destacou o trabalho conjunto das escolas profissionais, dando também nota da excelência dos alunos. “Para além do conhecimento, este trabalho proporcionou a partilha, interdisciplinaridade, saber estar e saber fazer”, disse a responsável.
Depois de ter ouvido no evento os responsáveis que criaram o livro, José Pinho, da Sociedade Vila Literária de Óbidos, disse que “quando voltar a olhar para as fotografias” vai “vê-las de outra forma”. Em termos gráficos achou o trabalho “muito bonito e bem conseguido”.
O anfitrião do evento, João Batista, responsável pelo Mercado Biológico de Óbidos lembrou que os livros do espaço estão expostos em mais de mil caixas de madeira que foram usadas para carregar fruta e que agora servem de prateleiras que albergam alguns milhares de livros usados.
Destacou que a agricultura biológica tem-se vindo a afirmar como uma forma mais saudável e que substitui em alguns casos o medicamento. Afirmou que tem como ambição que a EHTO comece a servir algumas refeições totalmente biológicas porque até agora tem só “utilizado alguns apontamentos de produtos biológicos”. Tem também como aspiração que Óbidos possa ter um restaurante ou hotel que sirva pelo menos um dia por semana uma refeição com produtos cem por cento biológicos.
Em representação da Câmara de Óbidos, esteve presente a vereadora Celeste Afonso, que disse que a apresentação do livro Sabores do mundo – viagens sensoriais”, tinha que ser em Óbidos pela “relação que a autarquia tem com a EHTO e com a ETEO”. Segundo a autarca, a criação do livro foi o resultado de “uma forma de entender a educação” porque ele acaba por traduzir aquilo que “nós defendemos, que é fazer com que os nossos alunos mais que do que aprendam consigam construir conhecimento através de projetos”.
Marlene Sousa
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