Psiquiatras do Hospital de Santa Maria vão dar consultas no Hospital das Caldas da Rainha, no âmbito de um protocolo de cooperação entre o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e o Centro Hospitalar do Oeste (CHO), que foi assinado na passada sexta-feira, no Museu do Hospital e das Caldas.
A medida que pretende reduzir a lista de espera, que ascende a cerca de mil doentes no âmbito de saúde mental, estabelece que, a partir do dia 23 de março, seis psiquiatras do CHLN irão deslocar-se de segunda a sexta-feira a Caldas da Rainha, para dar consultas da especialidade no CHO.
Segundo o diretor do serviço do Hospital de Santa Maria, Daniel Sampaio, os médicos de Santa Maria vão reunir-se amanhã, dia 12 de março, com as equipas comunitárias de psicólogos e enfermeiros do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Oeste Norte que fazem a articulação dos cuidados de saúde primários com o hospital, para que possam no dia 23 iniciar as consultas. “Um serviço de psiquiatria não se faz só com psiquiatras, tem que se fazer com enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais e queremos trabalhar com as pessoas que cá estão”, revelou Daniel Sampaio, que acompanhará este processo.
Daniel Sampaio adiantou ainda que na sequência desta colaboração “o internamento de doentes do Oeste, que corresponde a 20% do total (dos internamentos em Santa Maria), poderá ser reduzido para metade, uma vez que as pessoas passarão a ser acompanhadas em ambulatório”.
A parceria, que estava a ser negociada há cerca de dois anos, surge depois de, no final de 2014, o CHO ter ficado sem consultas de psiquiatria na sequência do pedido de exoneração de funções por parte da psiquiatra Paula Carvalho, coordenadora e única médica a tempo inteiro.
Segundo Luís Pisco, vice presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), a colaboração entre as duas unidades vai solucionar as carências existentes na área de abrangência do CHO, no âmbito da saúde mental. “Parece-nos uma excelente solução e é um bom exemplo de como os hospitais podem funcionar em rede”, disse Luís Pisco, que esteve presente na formalização oficial do protocolo.
O protocolo de afiliação de unidades hospitalares foi “o primeiro do país a ser assinado” e, segundo, Carlos Sá, presidente do Conselho de Administração do CHO, visa colmatar “a grande dificuldade que nós temos na contratação de médicos”. Carlos Sá não quis ainda divulgar as outras especialidades, mas sublinhou que este é o primeiro de “uma série de protocolos que irão ser assinados com o CHLN, que visam permitir melhor acesso aos cuidados de saúde à população da região Oeste”.
O presidente do CHO recordou que esta cooperação com CHLN teve início no último trimestre do ano passado, na sequência de um concurso com duas vagas para assistente hospitalar de psiquiatria, qu não atraiu concorrentes. No entanto, “o concurso para dois psiquiatras continua aberto e caso venham a ser preenchido, o CHO irá ter o seu próprio serviço na área da saúde mental, com os seus médicos no quadro de pessoal”.
O presidente do Conselho de Administração do CHLN, Carlos Martins destacou que Daniel Sampaio foi sempre um “entusiasta deste modelo de proximidade de sair das paredes do Hospital de Santa Maria como os seus profissionais”, revelando que marca o início “de uma revolução tranquila em termos de organização funcional” do Hospital Universitário de Santa Maria.
Segundo CarlosMartins, este trabalho em rede “vai evitar que os utentes tenham de se deslocar ao Hospital de Santa Maria, promovendo “o acesso a cuidados de saúde de proximidade”.
O presidente do Conselho de Administração do CHLN espera que “a médio prazo o CHO possa refundar o seu próprio serviço de psiquiatria”. De acordo com o mesmo responsável o CHLN vai assinar em breve protocolos similares com outras unidades e, ainda este ano, prevê assinar com o CHO parcerias no âmbito de outras especialidades “fragilizadas”, mas que as administrações não revelaram.
Marlene Sousa
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