Os andares não foram concluídos por falência do construtor. A porta principal do primeiro edifício é a única que está fechada à chave. O segundo prédio não tem porta mas a entrada foi tapada com um bocado de madeira pelos sem-abrigo que lá residem. O terceiro edifício não tem porta, podendo qualquer pessoa ter acesso ao interior do prédio. Todos os andares do rés do chão têm as janelas partidas, o que também dá acesso ao interior dos apartamentos.
Os moradores nos prédios ao lado vivem em desassossego devido à presença diária de toxicodependentes, muitos deles arrumadores que estão diariamente nos parques de estacionamento da cidade. Há, também, relatos sobre vandalismo e a presença de viaturas estranhas nas redondezas, o que leva à suspeita de transações de droga.
António Gomes, que vive na zona, sente insegurança, nomeadamente à noite. “Eles escondem-se dentro do prédio mas sabendo que há pessoas lá dentro a usar drogas, assusta”, afirmou, lamentando o estado de abandono e degradação em que se encontram os prédios, que “estavam quase prontos”.
Outra moradora dos prédios vizinhos habitados, que quis manter o anonimato com medo de represálias, disse que vê pessoas estranhas e movimentação dentro dos prédios habitados. “Há toxicodependentes mas também jovens que entram e saem das casas e sem abrigo “que vivem no prédio do meio”, revelou, acrescentando que “não deixo os filhos brincarem na rua por causa da insegurança que sinto”. “Vim viver para as Caldas porque pensei que era uma cidade mais segura e agora estou a viver esta situação junto à minha casa. Não percebo porque é que a Câmara não isolou o prédio, até porque havia muitos apartamentos quase acabados com roupeiros e louças da casa de banho, que agora estão destruídos”, adiantou a queixosa.
O JORNAL DAS CALDAS foi ao local na passada sexta-feira e viu jovens a entrar e a sair de um dos prédios. Também verificou vandalismo no interior de alguns apartamentos, com graffitis nas paredes.
As escadas para os andares de cima estão muito perigosas, com espaços abertos sem vedações, o que pode levar à queda de vários metros de altura. Um risco, nomeadamente para crianças, que podem ser atraídas para dentro do prédio para brincadeiras. “Ainda no domingo estavam aí umas crianças a brincar. Tivemos de tirá-las dali”, disse uma moradora do prédio vizinho.
José António Silva, responsável pela Proteção Civil na Câmara das Caldas da Rainha, confirmou ao JORNAL DAS CALDAS que vivem nos prédios inacabados pessoas sem-abrigo. “O que apurei é que não são essas pessoas que estão a levantar problemas, são dois indivíduos que estão lá e que quando estão em estado de embriaguez provocam conflitos”, revelou o responsável, que indicou que já fez um ofício dando conhecimento do assunto ao executivo camarário. “Por lei a Autarquia não pode fazer nada sem notificar o proprietário. Se ele não cumprir com o prazo da notificação (30 dias úteis) é que a Câmara poderá tomar posse administrativa”, disse.
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