Na Nazaré, a captura de sardinha está interdita até final de fevereiro, por causa da paragem biológica. Depois da interdição que vigorou nos últimos três meses do ano por ter sido atingida a quota da frota ibérica, esta nova proibição está a deixar os pescadores sem rendimentos.
Em 2014, os pescadores da Nazaré tiveram de cumprir a paragem biológica, para que a sardinha pudesse adquirir mais qualidade e maior tamanho, entre 15 de fevereiro e 31 de março. Entre 19 de setembro e 31 de dezembro, a interdição foi por causa do limite máximo de captura da frota ibérica. E agora, desde 1 de janeiro até 28 de fevereiro, há nova paragem biológica.
“São muitos meses sem o pessoal ganhar. É para tudo ir ao fundo e a pesca acabar”, lamenta Alexandre Mendes, mestre do “Rumo da Felicidade”.
A alternativa à sardinha é o carapau. Mas nem sempre a pesca é suficiente ou quando é pode não compensar.
“Quando há carapau com abundância também descem os preços. No último trimestre não fizemos quase nada, porque não se podia apanhar sardinha e pouco carapau houve. Estivemos a maior parte do tempo parados sem sair ao mar”, relatou José Manuel, mestre do “Rumo à Vida”.
As compensações financeiras do Estado às embarcações de pesca de sardinha obrigam à paragem completa. Os pescadores preferem tentar apanhar outras espécies. Joaquim Zarro, mestre do “Companheiro de Deus, declarou que ”não recebi porque não quis, foi escolha minha, porque achei que não era favorável para o meu pessoal. Qualquer um de nós tem de comer todos os dias, e tem mulher e filhos, renda, água e luz para pagar. Fome não diria, mas muitas dificuldades, e tem se de pedir a colegas ou a familiares”.
É a fazer contas à vida que os pescadores da Nazaré continuam a ir ao mar. Mas as interdições impostas à captura da sardinha só agravam o desânimo.
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