“A crescente pressão turística que se faz sentir no local, em particular nos meses de verão, é visivelmente excessiva, existindo mesmo fundadas dúvidas de que a legislação relativa à capacidade de carga autorizada, que é de 350 visitantes diários, seja cumprida. Mais, duvida-se que estejam a ser aplicados os mecanismos de controlo da capacidade de carga humana por parte do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, como prevê o Plano de Ordenamento aprovado, desconhecendo-se igualmente qual a fiscalização que é efetuada às atividades marítimo-turísticas, as quais são, bastas vezes, efetuadas em conflito com outras atividades de lazer e com as necessidades de transporte de e para Peniche”, aponta a Quercus.
No seu entender, “esta forte presença humana gera inevitavelmente um aumento dos efluentes domésticos, sendo que no Forte de São João Batista a situação continua sem uma solução adequada e existe uma descarga direta para o mar, e uma produção de resíduos evitável com outra lógica ambientalmente mais sustentável”.
Por outro lado, “a pesca ilegal com recurso ao arrasto e a captura acidental de aves marinhas nas artes de pesca, são também fatores de perturbação e degradação do património natural”.
Neste contexto, a Quercus é da opinião que “o modelo de turismo massificado e de acessibilidade ao arquipélago que existe tem que ser profundamente repensado, sob pena continuarmos a criar condições para a destruição dos valores naturais”.
“Os aspetos da visitação não poderão de modo algum ser dissociados não só de uma informação adequada logo nas embarcações de acesso (atualmente inexistente) mas também de estruturas interpretativas situadas na ilha”, defende a associação.
Alguma preocupação reside ainda “na possibilidade de vir a ser explorado petróleo nas concessões contíguas às Berlengas, por parte do consórcio Repsol/Galp/Partex, potenciando a existência de eventuais derrames acidentais no futuro”.
“É desejável um aumento da vigilância e da fiscalização das atividades turísticas e piscatórias e a dinamização de ações de sensibilização pública e de educação ambiental, em particular junto dos pescadores e dos operadores marítimo-turísticos, para que se garanta a salvaguarda os recursos naturais”, conclui.
Francisco Gomes
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