A Segurança Social e a Câmara de Peniche devolveram as casas da Berlenga aos pescadores, acabando com os usos turísticos das habitações.
Necessários para quem trabalha à volta da ilha, na pesca à linha e à cana, os abrigos têm agora um regulamento de utilização, que os pescadores a quem foram entregues têm de cumprir.
“São dezasseis abrigos, não se pode chamar propriamente de casas. São propriedade do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social. A Câmara fez um acordo para a sua gestão e utilização. Onze são destinados para pescadores que exercem aqui a pesca de forma continuada e exclusiva. Havia algumas utilizações que não eram totalmente corretas e foi por essa razão que a Câmara se envolveu”, revelou António José Correia, presidente da Câmara de Peniche.
Foi criada uma comissão e abertas candidaturas para os pescadores, que são mais do que as habitações. “Neste momento há muitos pescadores e um dos problemas que existiu para a atribuição das casas foi mesmo esse. Dantes havia poucos pescadores e as casas sobravam. Nesta altura com a crise económica que se passa em Portugal as pessoas tentaram por outros meios governar a sua vida e então fizeram embarcações novas. Tentámos ver quem eram os mais antigos e mais assíduos para terem aqui uma casa na Berlenga, porque é impossível dar vinte casas quando só há onze”, indicou Filipe Cardoso, da comissão de gestão das casas-abrigo
“Fazemos pesca durante o dia todo e por vezes durante a noite e precisamos de algum sítio para descansar e cozinhar”, explicou, fazendo notar que não é possível pernoitar em barcos de boca aberta.
À volta da Berlenga pescam-se sobretudo robalos, douradas e sargos. Dependendo do estado do mar, a atividade desenrola-se entre março e novembro. No inverno deixa de haver condições para as cerca de vinte embarcações existentes permanecerem na ilha.
Francisco Gomes
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