Há mais de 20 anos que a autarquia homenageia os caldenses que estão no estrangeiro, oferecendo o almoço aos emigrantes bem como aos seus familiares. “É o momento em que homenageamos os emigrantes, o seu trabalho e a forma como dignificam o seu país e o seu concelho”, disse Tinta Ferreira, presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha. “O Município das Caldas da Rainha tem uma comunidade de emigrantes muito ativa e que dignifica o nosso concelho nos países onde trabalham e portanto é com enorme respeito que proporcionamos esta iniciativa, ou seja, um momento, uma tarde, onde os nossos emigrantes estão normalmente nesta época nas caldas, confraternizam, reveem-se e reveem as famílias, divertindo-se com a animação que lhes proporcionamos”, referiu. Carlos Gonçalves, deputado da emigração, esteve presente nesta comemoração, onde salientou a importância do reconhecimento por parte do município naquela que também é a sua diáspora a nível do concelho. “Congratulo-me pelo facto de muitos autarcas em Portugal perceberem a necessidade que o país reconheça que os portugueses que estão no estrangeiro fazem parte integrante do país”, disse, acrescentando que “Portugal e as Caldas da Rainha serão mais capazes e mais competentes se contarem com todos os portugueses”. Tal como tem sido habitual nos anos anteriores, estiveram presentes representantes das comunidades de portugueses em países como EUA, França, Alemanha e Inglaterra. Apesar da animação musical e do convívio com amigos e familiares deixados em terras portuguesas, com o objetivo de encontrar uma vida mais estável financeiramente, quando se fala de saudades e de Portugal, a resposta é sempre a mesma: saudades da família, da comida, do clima e da simpatia dos portugueses. Susana Carvalho, 21 anos, nasceu em Bruxelas, Bélgica. Filha de pais portugueses, sempre quis morar em Portugal “Os portugueses são mais abertos e comunicativos. Para além disso o clima em Portugal é melhor”, disse. A estudante de arquitetura está a planear fazer Erasmus em Portugal, e quem sabe ficar por cá, caso haja alguma oportunidade de emprego. Já a irmã, Liliana Carvalho, 26 anos, só gosta de Portugal para passar férias. Neste momento encontra-se desempregada. “As oportunidades de emprego na Bélgica também não são fáceis. Tal como em Portugal, existe muito desemprego jovem”, referiu. Os pais de Susana e Liliana, Maria Helena e António Carvalho, foram para a Bélgica passar férias e nunca mais voltaram. “Encontrámos oportunidades de emprego que não tínhamos em Portugal”, contou Maria Helena Carvalho ao JORNAL DAS CALDAS. Apesar do sucesso profissional, a família pretende voltar para Portugal, mas enquanto isso não é possível, visitam o seu país uma vez por ano, durante o mês de agosto. Vítor Gageiro, 50 anos, natural dos Cabreiros, emigrou aos 16 anos com a mãe. A esposa, Raciolinda Gageiro, 53 anos, conheceu o marido em Portugal, contudo, foi no Canadá que se casaram e onde permanecem há mais de 30 anos. O casal tem como objetivo comprar uma casa na zona das Caldas da Rainha. “Queremos passar seis meses em Portugal e seis meses no Canadá”, explicou Raciolinda Gageiro. Esta viu-se obrigada a levar a sua mãe, já idosa, para o Canadá. “Neste momento a família está toda no Canadá”, disse. José Joaquim Franco, 83 anos, natural das Caldas da Rainha, reformado da construção civil, na área de estucador, contou ao JORNAL DAS CALDAS, emocionado: “Fomos para França, porque em Portugal não se ganhava para viver. Eu e a minha esposa fomos obrigados a deixar a nossa filha de nove anos em Portugal”. Maria Alice Franco, 79 anos, foi ter com o marido a França à procura de melhor qualidade de vida. Foi trabalhar como governanta. Para além de cuidar dos filhos dos patrões e da casa, Maria Alice tinha uma segunda ocupação como costureira. “O nosso objetivo era ter alguns imóveis em Portugal e isso nós conseguimos com muito trabalho e sacrifícios”, relatou. Atualmente, a família Franco passa seis meses em França e seis meses em Portugal. “Preferia ficar na minha terra, mas a minha família, filhos e netos estão em França, por isso, vamos ficando por lá”, confessou Maria Alice.
Inês Lopes
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