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Maria Francisca Gama faz dedicatória ao seu pai

Marlene Sousa

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Maria Francisca Almeida Gama lançou a 31 de janeiro a 2ª edição do livro “Em troca de Nada”, no Centro Cultural e de Congressos (CCC) nas Caldas da Rainha, evento organizado pelo Jornal das Caldas e Ordem do Trevo. Francisca perdeu em abril seu pai, vítima de um acidente de viação. Apesar da “enorme dor e saudade” continua com os seus sonhos e tudo o que agora escreve “é para ele”. Numa entrevista ao JORNAL DAS CALDAS, a jovem de 16 anos fala da sua experiência como autora e fez uma dedicatória ao pai, Rui Gama. JORNAL DAS CALDAS: Fez no dia 11 de maio um ano desde o lançamento da primeira edição do seu livro Em Troca de Nada. Qual a sensação? Maria Francisca - Foi um ano que passou a voar. O mais difícil foi mesmo ver o livro exposto ao público. Este ano, apesar de ter perdido o meu pai recentemente, foi o melhor da minha vida, pois concretizei o meu maior sonho. J.C.: O que mudou na sua vida? M.F. - Como pessoa, penso principalmente que cresci. Tornei-me mais responsável, porque tenho de coordenar a escrita com a escola. Como sempre tive muita ambição, o facto de agora ir a escolas dar palestras e de, por vezes, faltar às minhas aulas, fizeram com que me tornasse também mais organizada. Quanto a tudo o resto… Foi uma volta “muito boa”. Ver o meu livro, o meu projeto, perto de cada um de vós, e saber que existem pessoas que leem o que escrevo no meu blogue diariamente, e que procuram os meus textos quando se sentem mais em baixo traz-me muita satisfação. Tudo isso é parte daquilo com que sempre sonhei. Falar em público, dar palestras em escolas básicas e secundárias, bem como profissionais, são sempre momentos que adoro nesta minha nova “vida”. Acho que sempre quis ajudar.
Maria Francisca com a sua mãe, Mónica que é natural das Caldas, e o seu pai, Rui

J.C.: Como foi recebido este livro pelo público? O facto de ter 16 anos acha que joga contra ou a seu favor?

M.F.- Sinceramente, acho que o facto de ser mais pequenina do que a maioria dos escritores fez com que despertasse a atenção do público. É aquela curiosidade que, por vezes, nos faz comprar um livro, que nunca ouvimos falar e que queremos ver se vale a pena. Claro que acredito que, frequentemente, ao verificarem a minha idade, não me levem tão a sério. Mas é para isso que também continuo, para me dar a conhecer. Não se vão ver livres de mim!

J.C.: Perdeu recentemente o seu pai, notícia que o Jornal das Caldas lamentou, também por o termos conhecido no lançamento da segunda edição do seu livro, no CCC, evento a que nos associámos…

M.F. – O meu pai sempre foi o meu herói. É das pessoas que mais amei no mundo e não acredito que ele tenha, de facto, falecido. Quem esteve presente no Centro Cultural de Congressos das Caldas da Rainha ouviu a quantidade de vezes que lhe agradeci por, em conjunto com a minha mãe, me ter concretizado este sonho. Foi uma coisa muito inesperada, e o facto de ele ser saudável e de não ter qualquer responsabilidade no acidente ainda nos revolta mais. Felizmente tenho comigo a melhor mãe e irmã do mundo, e uma família e amigos incríveis que me ajudam a recordar, apesar da enorme dor e saudade, as coisas lindas que passei com ele. E tudo o que agora escrevo é para ele. O meu pai, quando eu fazia palestras, ocupava sempre a primeira fila. Agora refiro-o sempre onde vou.

Dedicatória ao pai, Rui Gama

“Adormece-me hoje”

Olho para o céu e procuro uma estrela que brilhe mais do que qualquer outra. Procuro com tanta força que acabo mesmo por te ver, lá longe, mas tão perto, a brilhar para mim, a dizeres-me que estás aqui. Eu não me esqueci de ti, e não te preocupes, não me esqueço de que aqui estás!

Preenches-me tanto, como poderia não te sentir comigo? Não me digam que é ilusão, porque eu sei que não é: podem ser só as lágrimas que me fazem ver-te, mas eu vejo-te. E por mais que tentem dizer-me que partiste, para mim tu continuas aqui, e mais junto a mim que nunca. Antes não falávamos a toda a hora, agora falamos. Oiço-te a sussurrar ao meu ouvido sempre que tenho uma dúvida, vejo-te a empurrares-me quando quero voltar para trás.

Sinto o coração mais cheio que nunca, quase que consigo sentir a tua barba junto à minha testa, a dar-me um beijinho de boas noites. Porque dizem que partiste se continuas aqui? Porque é que te visitamos no cemitério e olhamos para a terra, se continuas aqui? Desenganem-se! Ele continua aqui! Ele nunca se foi embora. E quem acha que ele partiu é porque nunca o amou como eu o amei. Eu sei que ele não foi embora. Ele não se despediu, e eu sei que ele jamais se iria embora sem dizer adeus, sem me pedir que me portasse bem. Quando olho à minha volta vejo-te em todo o lado.

Quando olho para dentro de mim, sinto-te também aí. Não quero que digam que partiste. Sinto-me mais perto de ti quando olho para a tua campa, porque acredito que essa agora é a tua nova casa e que, por um motivo que não quero aceitar, foste obrigado a mudares-te para aí. Vamos fazer-te uma campa muito bonita, todas nós pensamos muito nisso, e em como a tua nova casa será o teu rosto, e não só mais uma casa igual a tantas outras que lá vemos.

Nunca me esquecerei de como gostavas de receber os nossos amigos com a casa arrumada. A tua campa está sempre limpa, tu sabes! E escolhemos flores lindas, para que, mesmo um bocadinho longe de mim, te sinta a abraçares-me. Não te vás embora! Não deixes que qualquer abraço, ou qualquer beijo do Mundo, te faça pensar que não preciso do teu, porque preciso. Todos os dias são uma luta, e se existem dias em que estamos melhor, em que sorrimos, é porque, mágico como sempre foste, me conseguiste desenhar um sorriso na cara. Obrigada por sempre me teres feito acreditar que nunca nos ias abandonar, obrigada por sempre me teres dito que me amavas mais que tudo e que me ias proteger de tudo aquilo que me poderia vir a acontecer.

Formaste uma imagem tão bonita de ti próprio no meu coração que jamais a poderei esquecer. Brilhas tanto, pai. Tanto, tanto, tanto! Sei que lês tudo o que escrevo. Espero que também disto gostes e que, também aí, te orgulhes do amor infinito que sempre senti por ti. Apesar de saber que não te foste embora, tenho saudades tuas. Amo-te, amo-te, amo-te! Adormece-me hoje, por favor. Lindo”.

Marlene Sousa

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