J.C.:O obra de José Afonso, seu tio, teve ou tem influência na escolha dos temas das suas composições?
J.A. – A obra musical e poética tem e terá sempre uma grande influência sobre mim e sobre as canções que vou fazendo. É com muita honra que assumo essa marca.
J.C.: Os ritmos africanos aparecem em alguns dos seus temas, a que se deve ?
J.A. – Da mesma forma a lógica de composição a forma de cantar e os rítmos de Moçambique marcaram-me. O meu pai mostrava-me a mim e aos meus irmãos a musica que se fazia em Maputo/Lourenço Marques, aquelas guitarras de lata e vozes maravilhosas de pergunta e resposta que eu de alguma maneira absorvi e continuo a fazer com o meu irmão António.
J.C.: Fale-nos dos seus espetáculos na Galiza onde sabemos ter um público muito fiel e onde vai com regularidade, e que por outros países tem atuado.
J.A. – Tenho tido a sorte e oportunidade de ir a Espanha e principalmente à Galiza onde me sinto em casa com um publico que conhece as minhas coisas e com quem construí um mundo de afetos . Aliás, como em Moçambique onde nasci e onde fui cantar o ano passado e irei certamente mostrar o novo trabalho, o “Sangue Bom” com musicas minhas sobre poemas de Mia Couto (de Moçambique) e José Eduardo Agualusa (de Angola).
J.C.: Com que cantores nacionais ou estrangeiros tem trabalhado tanto nos seus álbuns como em espetáculos?
J.A. – Tenho colaborado com muitos músicos e amigos. Lá fora colaboro com frequência com o Luis Pastor, Uxía, Kepa Junkera, etc. Por aqui desde o meu amigo José Medeiros, Filipa Pais, Julio Pereira etc.
J.C.: Nos seus álbuns os temas são de sua autoria ou também de outros compositores da sua preferência ?
J.A. – Os meus CDS desde “Missangas”, “barco voador” ,”Zanzíbar”e “Outra vida” são quase tudo poemas meus que musiquei. Com algumas exepções ,por ex : 2 poemas do Pastor que musiquei , 2 temas do meu irmão António e outro do meu irmão Zé. O “um redondo vocábulo” é um disco com musicas de José Afonso e como disse o meu ultimo trabalho são musicas minhas sobre poemas dos meus amigos e grandes escritores Mia Couto e Agualusa. O “sangue bom” produzido pelo meu amigo Vitor Milhanas.
J.C.: O espetáculo que vai decorrer nas Caldas com o tema Buganvília, com o Rogério Pires, faz parte de alguma série de espetáculos ou de algum novo álbum?
J.A. – O espetáculo e o projeto que tenho com o meu querido amigo Rogério Cardoso Pires Chama-se “Buganvillia” e é como uma trepadeira tropical que vai deambulando pelas canções dos meus trabalhos não deixando de mostrar alguns temas do disco novo, naturalmente.
J.C – Quer-nos contar como tem decorrido a sua carreira de canto-autor.
J.A. – Há algumas dificuldades económicas mas penso que é um privilégio fazer o que se gosta. Tenho uma sede enorme de aprender com outros músicos e crescer.
J.C.:Já tinha atuado nas Caldas da Rainha anteriormente?
J.A. – Cantei com o meu amigo João Lucas (ele ao piano ) no tal projeto “um redondo vocábulo”
J.C.: Quais as expectativas que tem em relação ao espetáculo no CCC?
J.A. – É um concerto que para mim já tem a garantia de uma grande cumplicidade entre nós os dois e a expectativa é que extravase e passe para o outro lado e que se crie essa comunicação através das palavras e das canções.
Oferta de bilhetes para o espetáculo “BUGANVÍLIA” de João Afonso e Rogério Pires
O Jornal das Caldas tem para oferecer aos leitores quatro bilhetes para o espetáculo “BUGANVÍLIA”, de João Afonso e Rogério Pires, no dia 31 de maio, às 21h30, no Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha.Para se habilitar, deve o leitor comparecer com este jornal no quiosque do Jornal das Caldas, no dia 30 de maio, sexta-feira, entre as 9h00 e as 13h00, e receberá um bilhete para este espetáculo. Rua Heróis da Grande Guerra, nº84.
Marlene Sousa
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